O Pegasus pega o SUS?

Autor: STIEESP

31 de janeiro de 2022

Seria interessante se pudéssemos dedicar mais tempo para lermos sobre a mitologia grega e outras passagens da história da humanidade, para, assim, abrir nossas mentes, e, através do conhecimento, melhorar a nossa trajetória humana. Resgatar valores, como justiça social e solidariedade, deveria ser a palavra de ordem daqueles que detêm o poder ao redor do globo terrestre.

Seria interessante falarmos do cavalo branco alado chamado Pegasus. Mas o Pegasus que é tema destas linhas, é um assunto bem atual, que afeta a vida de milhões de pessoas ao redor do mundo. Trata-se de um aplicativo de espionagem, desenvolvido pela empresa israelense NOS Group, vendido para agências governamentais que desejam espionar seus adversários políticos, jornalistas, organizações sociais e ativistas que se posicionam contrariamente aos seus governos.

O software é capaz de espionar os celulares. Monitorando remotamente as comunicações via mensagens de texto, voz e vídeos, Pegasus identifica localizações via GPS e consegue ler conteúdos de aplicativos de mensagem (como, por exemplo, o WhatsApp).

O uso indevido desse aplicativo de espionagem é denunciado pela Anistia Internacional há pelo menos três anos. Mas o que o Brasil tem a ver com isso? Pois bem, um dos rebentos do capitão presidente, aquele vereador fascinado por mídias sociais que deveria trabalhar no Rio de Janeiro (mas é constantemente visto em Brasília), esteve negociando a aquisição do Pegasus e de outro aplicativo chamado Sherlock, também israelense.

Por que espionar?

Nas corporações multinacionais, nos partidos políticos, nos meios militares, nos governos e até mesmo no futebol, a informação e os dados privilegiados sobre seus concorrentes, adversários e inimigos, ganha destaque e acaba levando a algumas ações de espionagem – ou acompanhamento dos passos dados por possíveis concorrentes.

Quando você tem informações que antecipam e sinalizam ações e posicionamentos diversos, que não são do seu interesse ou do grupo ao qual você pertence ou para que você trabalhe, fica mais fácil planejar como neutralizar as iniciativas. Uma boa parte da classe política dedica-se mais a espionar e atacar seus adversários, do que gastar esta energia em iniciativas positivas e de interesse coletivo.

Nas últimas décadas, tem ocorrido um incrível aumento da circulação da informação. Podemos acompanhar quase tudo o que acontece no mundo em tempo real. Sim, quase tudo – pois, infelizmente, a maioria dos grandes veículos de comunicação e de mídias sociais acaba direcionando suas pautas e opiniões, dando mais espaço para aqueles fatos e notícias do seu interesse. Esses grandes veículos de comunicação noticiam, de forma mais superficial, os fatos que podem comprometer seus orçamentos, pois os interesses de anunciantes estatais e privados podem minguar, em função do posicionamento político e do grau de compromisso com a verdade desses meios de comunicação.

Daí, vem o crescente ataque a jornalistas e ativistas, que teimam em priorizar o coletivo, a verdade, o conhecimento e a informação útil.

A manipulação como forma de dominação

O filosofo alemão Hegel cunhou uma frase que tem se mostrado cada dia mais atual neste mundo conectado: “a informação gera a ação. A desinformação gera a conformação”. Hoje em dia, parece que vivemos em um grande Big Brother: as empresas monitoram nossos horários, onde estacionamos nossos veículos, câmeras em nossos corpos filmam tudo o que estamos fazendo e somos observados pelo GPS, por câmeras de trânsito, de segurança, entre outras.

Da mesma forma que nos observam, muitos daqueles que detêm o poder econômico e político, acabam definindo quais e de que forma os veículos de comunicação vão levar as notícias até a população. Quando os indivíduos não recebem informações corretas, completas e atuais, a sua interpretação dos fatos e a consequente formação de opinião fica comprometida e subordinada aos parâmetros predefinidos pela grande mídia.

Recentemente, ocorreu o julgamento do incêndio da boate Kiss, que matou mais de duzentas pessoas. Na época, a comoção foi geral, todos os veículos de comunicação dedicaram grande espaço sobre o tema, principalmente sobre a importância de se fazer justiça e punir os culpados. Porque será que não é dada a mesma atenção sobre as mais de 616 mil mortes provocadas pela COVID-19 no Brasil, em função da sabotagem do governo em relação à vacinação?

Porque não se cobra do presidente da Câmara Federal o andamento de mais de 140 pedidos de impeachment do capitão presidente? Por que são recorrentes os problemas com o site do Ministério da Saúde, em especial com o banco de dados do SUS sobre a vacinação? O software ConecteSUS tem problemas e o governo alegou que o aplicativo desenvolvido por ele só prescrevia o “Kit Covid” para qualquer sintoma, pois tinha sido invadido por hackers.

Analisando a alegada invasão do site do SUS, especialistas estranharam a informação de que os dados hackeados foram apagados. Normalmente, esses dados são criptografados e ficam indisponíveis até o pagamento do resgate exigido pelos criminosos. A própria Polícia Federal afirmou que os hackers não acessaram dados. Tudo muito estranho.

Vivemos numa guerra de informações distorcidas e manipuladas, para que o povo não consiga ser livre para pensar, a partir de informações premeditadamente distorcidas e enviesadas.

A filósofa alemã Hanna Arendt abordou a relação entre verdade, mentira, política e meios de comunicação, apontando a transformação ocorrida na esfera pública em função do crescimento dos meios de comunicação de massa, que passaram a deter o poder de pressionar, ou apoiar a classe política, e de formar opinião popular, conforme os seus interesses. Não à toa, muitos políticos ou suas famílias são donos destes meios de comunicação.

Será que, realmente, aconteceram esses ataques de hackers? Será que é uma desculpa para a incompetência negacionista estatal e de alguns profissionais da saúde, no combate à COVID-19? Será que, novamente, o povo fica de lado, enquanto os poderosos brigam por mais poder e verbas públicas?

Não se tem informação se o Pegasus está sendo utilizado para espionar comunistas, socialistas e parte da imprensa, como também não se sabe se o próprio governo é monitorado pelo aplicativo Sherlock. Portanto, fique alerta com as informações que chegam até você e só compartilhe o que é útil para todos.

Somente buscando e defendendo a verdade é que evitaremos que o Pegasus pegue o SUS, o Auxílio Brasil, o programa de moradia popular etc. Será que o Pegasus não ajudaria no caso das rachadinhas, da fuga do astrólogo, do blogueiro?

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