O 8 de janeiro não foi um ato isolado: foi uma tentativa de golpe, sim!

Autor: STIEESP

19 de maio de 2023

Muito antes de darmos conta de que vivemos em tempos de rápidas e profundas transformações, a política já era marcada por alterações de posicionamentos e as mudanças de lado ainda continuam a acontecer no meio político. Quando se trata de mudar de opinião em função de fatos e informações antes desconhecidos, podemos até tolerar — o problema é quando a mudança ocorre por oportunismo, covardia e mau caratismo — aí, não devemos aceitar este tipo de comportamento.

O ex-deputado federal por Minas Gerais, governador e ministro Magalhães Pinto, cunhou a seguinte frase:

“Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou.”

As mudanças políticas nos dias atuais (dada a baixa competência, a envergadura moral e ética da classe política, com exceções) ocorrem em função da covardia e do medo de serem punidos por atos ilegais, veiculação de mentiras e atentados contra o Estado Democrático de Direito.

Um dos mais recentes exemplos é a súbita mudança de opinião (?) de alguns representantes do povo (?) sobre os atos criminosos de invasão ocorridos em Brasília em oito de janeiro deste ano. É incrível a cara de pau e a capacidade que alguns políticos têm para esquecer o que falaram e publicaram em suas redes sociais durante o governo do capitão fujão.

São incontáveis as publicações de convocação e  de apoio aos invasores do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal e do Palácio do Governo, que políticos desqualificados fizeram. Certamente, eles não sabem distinguir o que é liberdade de expressão com os crimes contra a Democracia, previstos no Código Penal.

A partir do momento em que a Justiça começou a apurar e punir estes crimes, cem denunciados pelo vandalismo já foram considerados réus, e, se nada estranho ocorrer, eles vão pagar pelos seus crimes. Aqueles políticos valentões das redes sociais e que se achavam impunes por terem sido eleitos, começaram a arregar e mudar suas versões sobre os atos golpistas.

O que era a “tomada de poder pelo povo”, agora é classificado como um ato isolado por uma despreparada deputada federal por São Paulo, a mesma que correu de arma em punho pelas ruas da capital paulista, para intimidar pessoas que pensam de forma diferente que ela. Onde está a tão valorizada liberdade de expressão? Esta liberdade é para todos, ou só para ela e seus amiguinhos radicais?

Durante quatro anos, esta senhora e vários outros seguidores do MINTO fizeram discursos de ódio e de preconceito e intolerância contra instituições, indivíduos, pensadores, acadêmicos, sindicalistas, minorias, artistas e políticos, que posicionaram-se a favor da democracia e da justiça social. Quando o bicho pegou, a Justiça começou a cobrar responsabilidade e punir crimes e desvios de conduta, e, assim, a valentia dos (então) valentões da mídia começou a ser trocada por versões e discursos carregados de pedidos de desculpas, nem sempre claros.

Dizer que os atos criminosos de 08 de janeiro foram um ato isolado é chamar o povo brasileiro de burro, é demonstrar a sua covardia, é buscar se safar da perda do mandato e até da prisão. Quer dizer que as pessoas ignorantes e preconceituosas, que foram enganadas por políticos, empresários e pseudo líderes religiosos e acamparam em frente a quartéis, bloquearam rodovias, rezaram para pneus e invocaram ETs para defender o capitão fujão, fizeram tudo isso por conta própria? Não foram os vídeos que convocaram atos e invasões? Não foram os pastores que usaram a fé das pessoas para fazer politicagem em seus templos? Não foram os empresários que pagaram aluguéis de barracas, banheiros químicos, ônibus e bancaram churrascos todos os dias nos acampamentos que pediam intervenção militar? Não foram políticos, como esta deputada, que diziam que era preciso impedir que o Brasil virasse comunista?

Qual o apoio que está sendo dado às pessoas presas e consideradas rés pela Justiça? Esclarecendo que, apoio não é só fazer discurso na tribuna do Congresso Nacional, muito menos, impedir que os culpados paguem pelos seus crimes após seus julgamentos. Tal qual Pôncio Pilatos, muitos estão lavando as mãos e buscando salvar a própria pele. Esta é a triste realidade da política nacional.

Com certeza, existem muitos brasileiros decepcionados com essa laia de políticos extremistas, oportunistas e caras de pau, que, provavelmente, podem ser portadores do transtorno psicológico da mitomania (mentir de forma compulsiva), ou “apenas” pessoas públicas desprovidas de bom senso, ética, moral, visão social e capacidade de ocupar um cargo público.

Vamos torcer para que as nuvens apontadas por Magalhães Pinto, sejam apenas nuvens passageiras, cantadas por Hermes de Aquino. Que os ventos da Democracia, da solidariedade e da justiça social levem as nuvens negras do negacionismo, do fascismo, do preconceito e da mentira para longe da política brasileira.

Definitivamente, uma tentativa de golpe não é um fato isolado. Punição para quem  planejou, para quem financiou e para quem operacionalizou.

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