NA ECONOMIA, OS OPOSTOS NÃO SE ATRAEM

Autor: STIEESP

6 de junho de 2022

No campo da Física, a Lei de Coulomb fala sobre a atração magnética entre
dois corpos: quando estão carregados com cargas diferentes, um tem carga
positiva e o outro possui carga negativa.
Um fenômeno parecido ocorre no campo afetivo. Quando duas pessoas são
completamente diferentes e se encontram, surge uma sensação parecida com
a curiosidade. Assim, a vontade de se conhecer mais detalhadamente, de
descobrir segredos e as causas dessas diferenças, passa a exercer uma força
de atração forte, aproximando as duas pessoas.
Por isso, o dito popular “os opostos se atraem” é uma afirmação que, quase
sempre, é seguida por exemplos de familiares, amigos ou conhecidos, que se
sentiram atraídos por pessoas bem diferentes.
No entanto, quando falamos de economia, esse fenômeno quase nunca
acontece. Raros os casos de ricos que se aproximam de pobres, enquanto a
imensa maioria dos pobres quer ser rica e sonha com os ricos, mas, quase
sempre, continua acordando pobre.

Por que existem poucos milionários e muitos pobres?

A estrutura social em forma de pirâmide (em que os ricos são a parte de cima e
os milhões de pobres são a sua base larga) reflete um arranjo social,
premeditadamente planejado e estrategicamente sustentado, para que a maior
parte da riqueza produzida continue nas mãos da elite dominante, ou seja, os
mais ricos.
Enquanto o filho do pobre mora longe da escola (isso quando tem acesso à
educação) e ainda tem que “se virar nos trinta” para ajudar a pôr dinheiro em
casa, o filho do rico vai de motorista particular para as melhores salas de aula,
tem todo o tempo do mundo, os melhores livros e computadores para se
desenvolver. Esta é uma dura e excludente desigualdade social.
São os filhos dos ricos que têm mais chances de ocupar os melhores
empregos, pois moram em casas melhores e têm uma boa alimentação; já os
filhos dos pobres, estão praticamente condenados a continuar fazendo parte de
uma das classes sociais mais baixas. É preciso entender esta terrível lógica
social dominadora, para lutar pela sua transformação.
Quantas gerações são necessárias para que uma família pobre acumule algum
tipo de riqueza, que a permita subir um degrau sequer, na pirâmide social?
Você está certo: essa é uma pergunta difícil de ser respondida.
Inúmeros estudos e levantamentos estatísticos demonstram que apenas 1% da
população brasileira é milionária e que todos os demais não possuem
conhecimento e nem poder suficiente para equilibrar, de forma justa, essas
diferenças. Isso porque, as mudanças desejadas pelos mais pobres vão contra
os interesses dos mais ricos, que não se importam em voltar às costas para os
seus semelhantes, em troca de manter e aumentar ainda mais seu padrão de
vida.

O que está por trás desta “lógica”?

Apesar de serem de difícil identificação os motivos desse comportamento
social, no qual a elite domina e o povo é convencido a não questionar as regras
do sistema social, econômico e político, a resposta é simples: esta é a lógica
do neoliberalismo.
No início do século passado, a maioria dos países já passava por um período
de grande crescimento econômico, que ficou ainda maior após a Segunda
Guerra Mundial. Sorrateiramente, as pessoas foram e continuam sendo
alienadas através da desinformação, para que não desenvolvam sua
capacidade de pensar, de forma independente e crítica, sobre o funcionamento
da sociedade na qual estão inseridas.
Essa época é chamada de Capitalismo de Estado, na qual os governos
nacionais ainda detinham o controle das suas economias. Com o surgimento
da globalização, uma nova ordem econômica aparece – o Capitalismo de
Mercado – que, praticamente, desmonta a capacidade de intervenção do
Estado na economia. Quem manda agora é o deus mercado.
As elites dominantes dos países mais ricos se atraem, conversam e planejam
as vidas de bilhões das pessoas mais pobres; definem, de maneira sutil, qual a
forma de pensar que será ensinada nas escolas. A grande mídia destaca os
fatos e os temas que interessam a essas elites, tornando ainda mais forte o
conceito de comportamento de manada, com o espantoso crescimento das
redes sociais.
A nova ordem econômica prega as liberdades individuais, enquanto manipula
nossas mentes, transformando em meros consumidores os cidadãos que
possuíam vários direitos. Você pode pensar o que quiser, fazer o que quiser e
comprar o que quiser, desde que não prejudique os interesses das classes
dominantes.
Por falar em classes dominantes, a atual estrutura apresenta somente duas
classes sociais: a dominante e a dominada. Nesta última, foram criadas
algumas divisões para dar a sensação de mobilidade social (classe B, C, D, E),
além dos miseráveis, e são apenas divisões que servem para dar a falsa
sensação de liberdade e poder, para aqueles que não fazem parte da elite
dominante.
Boa educação, conhecimento de qualidade e acessível, capacidade de pensar
e entender a realidade social, consciência social coletiva, responsabilidade
ambiental, sindicatos que lutem por melhores salários e condições de vida, são
alguns temas que promovem a dignidade social dos indivíduos, mas não
interessam à elite dominante.
Com raríssimas exceções, os ricos têm preconceito contra os pobres. O patrão
explora o trabalhador e a mídia reforça a ideia de que as pessoas que vivem na
periferia são as culpadas pela violência, não conseguem progredir e só
dependem das políticas sociais dos governos.
Precisamos mudar essa visão neoliberal de sociedade, pois todos e todas
merecem a mesma oportunidade. O Estado tem que voltar a ser forte e se
libertar do mercado, para cuidar do povo que vive em seu país.
Precisamos fazer com que, na economia, os opostos – ricos e pobres – se
atraiam e se comprometam a construir um Brasil mais justo e solidário.

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