O ESG e a hipocrisia corporativa

Por: Marcio

16 de janeiro de 2024

*Por Eduardo Annunciato (Chicão), presidente da FENATEMA – Federação
Nacional dos Trabalhadores em Água, Energia e Meio Ambiente e do Sindicato
dos Eletricitários de São Paulo.

A ESG (Environmental, Social and Governance) é conhecida por suas implicações
nas práticas das organizações em relação ao meio ambiente, aspectos sociais e
governança. Originada em 2004 através de uma publicação do Pacto Global em
colaboração com o Banco Mundial, essa abordagem tem conquistado relevância,
impulsionada pela crescente preocupação do mercado financeiro com a
sustentabilidade. As dimensões ambientais, sociais e de governança
desempenham agora um papel crucial nas análises de risco e nas decisões de
investimento, colocando as empresas sob intensa pressão e vigilância.

O mercado atualmente direciona seu foco para a consecução dos 17 Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que abordam os principais desafios e
vulnerabilidades da sociedade. Estes objetivos foram adotados por 193 países
membros da ONU durante a cúpula de 2015, dando origem à chamada “Agenda
2030”. São estas metas: Erradicação da pobreza (ODS 1), Fome zero e
Agricultura sustentável (ODS 2), Saúde e bem-estar (ODS 3), Educação de
qualidade (ODS 4), Igualdade de gênero (ODS 5), Água potável e saneamento
(ODS 6), Energia limpa e acessível (ODS 7), Trabalho decente e crescimento
econômico (ODS 8), Indústria, inovação e infraestrutura (ODS 9), Redução das
desigualdades (ODS 10), Cidades e comunidades sustentáveis (ODS 11),
Consumo e produção responsáveis (ODS 12), Ação contra mudança global do
clima (ODS 13), Vida na água (ODS 14), Vida na terra (ODS 15), Paz, justiça e
instituições eficazes (ODS 16), e Parcerias e meios de implementação (ODS 17).

Atualmente há uma hipocrisia corporativa, que impacta profundamente as
dimensões sociais, prejudicando mais da metade dos ODS (1, 2, 3, 4, 6, 7, 8, 10,
12 e 16). Tal hipocrisia resulta da ganância de grandes corporações que ao
explorarem mão de obra em massa, com salários insustentáveis, comprometem
o acesso básico aos ODS dos seus próprios trabalhadores.

Concluímos através de estudos, que um trabalhador precisa de um salário de
R$2.640,00 em São Paulo para aderir minimamente aos princípios ESG. Isso
levanta questionamentos sobre a real importância dada ao componente social
(S) nessas corporações.

Levantamos o custo básico para um trabalhador viver com sua família com 4
integrantes em São Paulo, conforme segue:
Aluguel – R$ 900,00 (ODS 10), água e saneamento – R$ 150,00 (ODS 6), gás e
energia elétrica – R$ 350,00 (ODS 7), transporte – R$ 150,00 (ODS 9), higiene e
Saúde – R$ 250,00 (ODS 3), alimentação – R$ 600,00 (ODS 2), encargo (INSS) –
R$ 195,00 e outros custos – R$ 45,00, totalizando: R$ 2.640,00.

Não levamos em consideração educação, vestuário, comunicação e cultura,
ficando evidente que empresas que pagam salários abaixo desse valor não
podem em hipótese alguma serem consideradas sustentáveis.

No Brasil, a relação dos ODS com os negócios está presente nas grandes
empresas. Segundo levantamento realizado com as companhias que fazem parte
do ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial) da Bolsa de Valores (B3) 83%
delas possuem processos para integração dos ODS com as estratégias, as metas
e os resultados corporativos. Será verdade? Quem não dá condição ao
trabalhador ter o básico do básico está preocupado realmente com práticas
ESG?

O mercado precisa condenar a Hipocrisia Corporativa, e os trabalhadores devem
exigir que as empresas assumam um papel ativo no desenvolvimento
econômico e social. O movimento sindical desempenha um papel fundamental
ao alertar os trabalhadores sobre práticas hipócritas e chamar a atenção do
mercado para tais comportamentos, pois a reação da classe trabalhadora deve
ser tão intensa quanto o desequilíbrio social gerado por tais corporações.

Lutar por igualdade, justiça e verdadeira sustentabilidade é responsabilidade de
todos. A hora de desmascarar a hipocrisia corporativa e exigir ações concretas é agora.

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Uma resposta

  1. Parabéns pela matéria. Muito importante e fundamental que se faça uma reflexão sobre a importancia do sindicato, que fala sobre a lamentável verdade nas empresas e critica a falta de atitudes significativas que agreguem valor para os seus trabalhadores.

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