Os partidos políticos precisam de controle social?

Autor: STIEESP

5 de outubro de 2022

De esquerda, de centro, de direita; moderados e extremistas; grandes, nanicos
e até de aluguel: inúmeras são as classificações e denominações para os
partidos que figuram na política brasileira.

Será que todos eles têm realmente uma ideologia que dá o norte para a
elaboração de suas propostas? Será que, aqueles que afirmam possuir uma
ideologia clara e definida, a seguem de forma fidedigna? Será que a dinâmica
social e a movimentação capitalista interferem no comportamento dos partidos
políticos? Um partido comandado com mão de ferro por um ou alguns “donos”,
contribui efetivamente para o fortalecimento do diálogo social? Todas essas
provocações têm o objetivo de despertar um senso mais analítico e crítico na
cabeça dos eleitores.

Desde que o Brasil voltou a ter eleições diretas, todos os presidentes eleitos se
viram obrigados a negociar com diversos partidos políticos, para consolidar
uma base de governo suficiente para aprovar as propostas emanadas do Poder
Executivo, e aquelas nas quais tenha algum tipo de interesse. Esse processo é
chamado de governo de coalisão, existe ao redor do mundo democrático e
está sujeito a manobras de pressão política – que, nem sempre, estão
alinhadas com os interesses da população.

Todos os eleitores minimamente informados sabem que ocorre entre o partido
que elege o presidente e os partidos que assumem o compromisso de apoiá-lo,
uma “troca de favores” e a concessão do espaço de poder, através da cessão
do comando de ministérios, autarquias, estatais, verbas etc. Nos dias de hoje,
temos o orçamento secreto, que nada mais é do que um crime contra o Estado
e contra o povo brasileiro. Nele, alguns políticos detêm o poder de distribuição
de volumes imensos de dinheiro público em troca de votos, principalmente na
Câmara dos Deputados.

Fundo partidário, orçamento secreto, número elevado de legendas (muitas sem
ao menos possuir um projeto de nação para o Brasil) e distribuição de recursos
financeiros, conforme o desempenho nas eleições. Quanto mais candidatos
eleitos, mais dinheiro entra no caixa do partido. Essa estrutura política não tem
contribuído para que o Brasil planeje e alcance um desenvolvimento
sustentável que fortaleça a indústria nacional, e que reduza, principalmente, as
desigualdades sociais.

Grande parcela dos partidos políticos, principalmente os que possuem “donos”,
falam muito sobre renovação política… Porém, na prática, não abrem espaços
e até fecham as portas e torneiras de financiamento para candidaturas, que na
sua visão tacanha, possam representar algum tipo de ameaça para estes
“donos” de partidos.

Mesmo estabelecendo limite mínimo para candidaturas de mulheres e de
negros, os eleitos, em sua maioria, continuam a ser homens brancos e
empresários. Nestas eleições, diversos candidatos se declararam pardos ou
negros – mas, se eleitos, lutarão efetivamente contra a discriminação, ou
simplesmente é mais uma manobra dos partidos políticos para receber mais
dinheiro público para suas campanhas?

Estranhamente, alguns partidos apostam em candidaturas puxadoras de votos,
que, na maioria das vezes, acabam elegendo pessoas despreparadas, sem
responsabilidade republicana e sem compromisso com o povo e com o país.
Outra curiosidade é que candidatos sabidamente com menos chances de se
eleger, acabam sendo agraciados com mais recursos financeiros e materiais do
que candidatos com propostas concretas e mais bem preparados para
representar o povo.

Com certeza, esses comportamentos em nada contribuem para uma
democracia participativa. A voz do povo, mais uma vez, é calada por acordos
de gabinete, verbas polpudas e até com a manutenção do controle do partido
político.

O povo precisa falar mais de política e precisa entender mais de política, para
cobrar mais dos partidos e se preocupar mais com quem vai eleger para a
Câmara dos Deputados e para o Senado em 2022.

A democracia representativa não responde mais às demandas de uma
sociedade plural, atomizada, desalentada e diariamente enganada pela elite
política e econômica, que prega a renovação e a participação do povo, mas
que, na prática, só quer angariar os seus votos.

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