“Vou trabalhando, até conseguir meu primeiro emprego”

Todo jovem tem muitos sonhos, perspectivas e projetos de vida, que possibilitem sua realização pessoal e sua ascensão social. Neste contexto, a educação e o trabalho são dois dos principais fatores que podem transformar a vida destes jovens.

Não faz muito tempo que a principal alternativa para a maioria dos jovens era trabalhar na área de telemarketing, para custear algum curso ou uma faculdade, a fim de se candidatar a um emprego melhor. A derrocada da economia em nível mundial tem dificultado, ainda mais, a concretização do sonho de um bom emprego.

A informalidade entre os jovens tem crescido de forma assustadora: um exemplo claro é o segmento de entregas via aplicativos, em que a estratégia de se preparar melhor para um mercado de trabalho cruel e competitivo deu lugar à aquisição de uma moto para realizar mais entregas e ganhar um pouco mais de dinheiro.

A uberização do trabalho

Não é necessário um grande esforço de memória, para darmos conta de que as falhas do sistema capitalista ultraliberal têm se traduzido em crises mundiais recorrentes. Também, é fato que este sistema, baseado na concentração da riqueza nas mãos de uma minoria, é rápido e sempre adota reformas e flexibilizações que visam a manutenção dos privilégios recebidos pelas elites.

Os resultados desta “modernização” da forma de atuar do capitalismo são: a redução da participação do Estado na economia, a entrega do patrimônio nacional, a terceirização, a precarização do trabalho e o desemprego. Nos dias de hoje, a estratégia é acabar com as relações trabalhistas formais e minimamente protegidas, via uberização do trabalho. Reze para ser chamado a prestar algum tipo de serviço, por alguns dias, para alguma empresa e ganhar uma miséria.

Este novo mercado de trabalho informal está totalmente desconectado do mercado formal. Somente poucos trabalhadores jovens conseguirão sair do porão da informalidade e conseguir uma carteira assinada. Mesmo assim, é preciso lembrar que, no Brasil, ter carteira assinada não significa ter um emprego decente em todas as suas dimensões.

A receita da miséria

Um estudo da OIT datado de 2015, apontou que, desde o início da recessão decorrente da crise de 2008, 643 reformas foram efetuadas, em 111 países, que promoveram uma inédita flexibilização da regulação do trabalho, na tentativa de conter a explosão do desemprego e a estagnação das economias nacionais.

O Brasil, antes mesmo da pandemia, já apresentava sinais preocupantes do aumento do desemprego e da precarização do trabalho – situação que foi ainda mais agravada pela falta de uma política pública de geração de emprego e renda. A quem interessa a ausência de legislação protetora do trabalhador? Certamente, o povo não está sendo beneficiado.

A fome voltou, o emprego para todos não existe, a aposentadoria ficou quase impossível. Estamos em pleno retrocesso das relações trabalhistas e a exploração da mão de obra cresce a cada dia; enquanto isso, o governo finge que está tudo bem. Já passou da hora das Centrais Sindicais cumprirem seu papel, de forma mais efetiva.

Não podemos aceitar que nossos jovens sejam presos na armadilha da informalidade, que sejam privados de uma educação adequada, de um trabalho digno e da possibilidade de ascensão social através do trabalho.

O país precisa de um governo competente e comprometido com a geração de emprego e renda, que não siga, mais uma vez, a receita neoliberal de miséria.

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