Se liga na Selic!

A grande maioria da população brasileira se distancia da política, porque acredita que o povo não tem poder de pressão social suficiente para obrigar as elites econômicas e políticas e os meios de comunicação a informarem, de forma transparente e acessível, o que se passa na dimensão econômica do Brasil. Esta sonegação e distorção das informações acaba criando a cultura de que nada vai mudar.

O fortalecimento da democracia e o exercício pleno da cidadania dependem, diretamente, do nível de conscientização política e da disposição de participar mais ativamente dos processos de construção de uma coesão social, visando a defesa dos direitos e interesses de todas e todos e do desenvolvimento do país.

Atualmente, muito tem se falado da atuação do Banco Central do Brasil, e, principalmente, da atuação desastrosa do seu presidente, que, de forma deliberada e provavelmente norteada por interesses nada republicanos, insiste em manter a taxa Selic em nível desnecessariamente alto, colocando o país como o vice-campeão mundial na modalidade da taxa de juros mais alta.

Não por acaso, o movimento sindical tem realizado inúmeros protestos, pedindo menos juros e mais empregos – mas será que a sociedade em geral tem conhecimento suficiente sobre o que é esta tal taxa Selic, para que ela serve e como ela afeta a vida das pessoas, das empresas e a economia nacional?

A taxa Selic foi criada no fim da década de 1970, para regrar as transações com títulos públicos, efetuadas pelas instituições financeiras e o governo; a medida caiu no agrado do mercado, e, a partir de 1999, ela passou a ser parâmetro para as demais taxas de juros praticadas por bancos e instituições financeiras. Assim, além de disciplinar as transações e correções de títulos públicos, ela passou a ser a taxa básica de juros para o país.

Esta taxa impacta a vida das famílias, pois ela influencia as taxas de juros cobradas em financiamentos e empréstimos. Se você vai comprar ou reformar sua casa, trocar de carro ou tomar empréstimo em um banco, a Selic é o parâmetro para cobrança da taxa de juros. A referida taxa também influencia os juros a serem pagos pelas empresas que querem ampliar suas atividades e precisam de empréstimos bancários para expandir seus negócios.

Obviamente, quanto maior a taxa Selic, maiores serão os juros cobrados das empresas e das pessoas, e, por outro lado, quanto menores forem os juros, mais estimuladas ficarão as pessoas e empresas a contrair empréstimos. Quando as pessoas tomam empréstimos para fins diversos, elas movimentam a economia. As empresas, quando ampliam as suas atividades, geram mais empregos, o que também é bom para a economia nacional.
A taxa Selic é fixada pelo COPOM (Comitê de Política Monetária) do BC – Banco Central, sendo durante o governo anterior, foi aprovada a autonomia do BC. Isso significa que o governo federal não pode interferir nas decisões desta instituição, para o bem ou para o mal, pois o seu presidente foi nomeado pelo ex-presidente da República e tem mandato a ser cumprido.

O debate sobre a necessidade de baixar a taxa SELIC coloca inúmeros interesses conflitantes. Por exemplo, o sistema financeiro, que tem títulos públicos em seu poder, cujos valores são corrigidos pela Selic, se beneficiam ainda mais com a referida taxa em níveis mais altos; já as empresas e as pessoas se beneficiam com uma Selic mais baixa.

A Selic também é usada como instrumento de controle da inflação, pois, quanto mais alta ela for, menor será a atividade econômica do país, o que afeta o mercado de trabalho e a geração de renda das famílias.
Está em curso uma disputa política que pode antecipar a saída do atual presidente do Banco Central. Somente o Senado pode cassar o mandato do presidente, que é acusado de possuir empresa off-shore (fora do país), cuja receita é mais beneficiada quanto maior for a taxa Selic.

Quando ocorrem movimentos diversos (protestos, abaixo-assinados etc.) pela redução da taxa de juros, ou mesmo pela troca de membros do BC, é interessante e necessária a participação das pessoas, pois, infelizmente, a maioria dos políticos só se sentem ameaçados e trabalham em prol da sociedade e do país quando são pressionados pelo povo ou pela Justiça.

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