Preconceito, discriminação e divisão do trabalho

Como é gratificante perceber que, nos dias atuais, o preconceito (apesar de ser grande em toda a nossa sociedade), é combatido por um grande número de pessoas. Independente do tipo de preconceito, todos nós devemos nos posicionar de forma clara e contundente contra ele. Afinal, preconceito é crime.

Uma das mais recentes manifestações de preconceito veio do meio esportivo, quando um atleta da equipe de vôlei do Minas Tênis Clube e da seleção brasileira, postou, nas redes sociais, a sua “opinião”  homofóbica e preconceituosa, ao criticar uma novidade na história em quadrinhos do Super Homem, na qual ele manifesta sua sexualidade. Deixamos claro que aqui não falamos do atleta, mas sim de um ser humano carregado de preconceito.

Para piorar esta situação, este atleta recebeu apoio de um jogador de futebol e do senador da família Bolsonaro, que, inclusive, demonstra sua insensibilidade e sua limitação política, ao pregar o boicote aos dois maiores patrocinadores do referido clube: a FIAT e a Gerdau. Contrariando o slogan tão usado por seu pai, este arremedo de político coloca o seu preconceito acima do Brasil e demonstra sua aversão à Democracia.

Um indivíduo preconceituoso é aquele que julga uma pessoa, ou um ato, sem ter conhecimento sobre o ponto em questão. Também é preciso ter claro em nossas mentes e em nossas ações que, qualquer forma de preconceito nas relações humanas, é extremamente prejudicial, tornando-se uma barreira contra a construção de uma sociedade justa, democrática e igualitária.

Não é correto nem legal se esconder atrás da liberdade de expressão para propagar mentiras e notícias falsas; pior ainda é atacar uma pessoa ou uma instituição. A Constituição Federal defende a liberdade de expressão, mas também deixa claro que ela não pode atacar a dignidade, a privacidade e a honra de qualquer outro indivíduo.

Preconceito e discriminação

Ainda é comum que se faça alguma confusão entre o que é preconceito e o que é discriminação. De uma forma bem simples, podemos afirmar que preconceito é um pré-julgamento, enquanto discriminação é o ato de dar um tratamento diferente – significando, também, a ausência de igualdade ou a manifestação de preferências, o que tem, como resultado final, o estabelecimento de cisões entre os indivíduos, comprometendo a convivência pacífica e respeitosa.

Em suma, tanto o preconceito, como a discriminação, contribuem diretamente para a atomização da sociedade. Seus membros são separados em grupos, geralmente minoritários ou com dificuldade de se organizarem na defesa de seus interesses e de seus direitos.

Um dos maiores exemplos desta separação, infelizmente, está presente no seio da classe trabalhadora, que, por uma questão de identificação e de pertencimento, é estrategicamente alimentada pelo sistema capitalista, por meio da criação da divisão social do trabalho.

Divisão social do trabalho

Antes de a revolução industrial dar início à profunda transformação dos processos produtivos, os trabalhadores detinham o conhecimento e respondiam por todo o processo produtivo. Naquela época, um artesão que fabricava uma cadeira, atuava em todas as etapas da fabricação: cortava a árvore, produzia todas as partes do móvel, montava-o e também a trocava por alimento ou por outro produto do qual necessitava.

Após a referida revolução, e com a crescente utilização de máquinas no processo produtivo, o sistema capitalista aposta na especialização da mão de obra, na execução de apenas algumas tarefas da fabricação dos produtos. Esta iniciativa, que perdura até os dias de hoje, é conhecida como divisão social do trabalho. Em resumo, é a fragmentação do processo produtivo em diferentes especializações.

Hoje, temos o Eletricista, o engenheiro, o técnico, o servente de pedreiro, o encarregado, o pintor etc., que acabam atuando em somente uma parte da construção de uma casa ou de uma rede elétrica – sendo que, no passado, essa separação não era tão clara.

Esta separação que, em termos de comportamento social e político, levou a uma desnecessária e prejudicial distância entre os trabalhadores – inclusive de uma mesma categoria – além de aumentar a produtividade da mão de obra e o lucro do patrão, também enfraquece o diálogo e a organização da classe trabalhadora na defesa de seus interesses.

Não é raro que, dentro de uma mesma empresa, os trabalhadores administrativos e técnicos mantenham certa distância dos operacionais e daqueles com menor nível de instrução e de educação. A quem interessa separar os trabalhadores dentro em “diferentes segmentos”?

Outra constatação é a pressão para que estes trabalhadores não se envolvam com os sindicatos.

Quais os pontos mais comuns que unem a classe trabalhadora? Afinal, não somos todos trabalhadores, que vendemos nosso conhecimento e nossa força física por um salário? Por mais que tenhamos um bom nível de formação ou um alto salário, continuamos sendo trabalhadores.

Precisamos compreender, de uma vez por todas, que os problemas e as injustiças hoje praticadas com outros trabalhadores podem ser praticadas contra nós amanhã.

A classe trabalhadora tem que se indignar contra este tipo de preconceito e ser contra todas as formas de discriminação.

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