“Nenhum homem é uma ilha, isolado em si mesmo; cada ser humano é uma
parte do continente, uma parte de um todo. Se um torrão de terra for levado
pelas águas até o mar, a Europa ficará diminuída, como se fosse um
promontório, como se fosse o solar de teus amigos ou o teu próprio; a morte de
qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E, por isso,
não pergunte por quem os sinos dobram; eles dobram por ti” (John
Donne, poeta inglês).
Não existe justificativa alguma para que um homem tire a vida de outro. Não
existe crime mais hediondo do que matar um ser humano. É preciso que toda a
sociedade levante e impeça que a barbárie de Foz do Iguaçu se repita neste
ano eleitoral.
Todos os indivíduos são livres para fazerem suas escolhas políticas. Mesmo
que algumas delas pareçam absurdas, nenhum de nós pode se deixar levar por
discursos que pregam a violência e a intolerância, ainda mais por questões
ideológicas.
Quando um ser humano tira a vida de seu semelhante, cada um de nós perde
uma parcela de nossa civilidade. Com isso, perde toda a humanidade, pois
nem mesmo um animal mata por motivo torpe, somente o homem.
Imagine se as pessoas saíssem todos os dias de arma em punho para matar
que torce para outro time, quem tem outra religião, quem pensa de forma
diferente, ou se identifica com determinado partido político? Viveríamos em
uma constante guerra civil, com um irmão matando o outro. Isso não é
Democracia.
É preciso resgatar a tolerância e o respeito à diversidade. Neste sentido, não
podemos nos calar com esse retrocesso à barbárie, estimulado por falas
irresponsáveis e desprezíveis de governantes e pessoas públicas. Quem puxa
o gatilho, mata. Mas quem faz discursos carregados de ódio, quem dá like em
postagens armamentistas, quem faz arminha e acha graça incentiva aquele
infeliz, radical ou desequilibrado a matar.
A violência estimulada por aqueles que se dizem defensores da família,
cristãos e defensores da Pátria, saiu das redes sociais e chegou ao nosso dia a
dia. É preciso parar com essa escalada assassina e uma das forma para isso
acontecer é elegendo pessoas que amam as pessoas e que lutam pelas
pessoas.
É preciso perguntar por que os tiros matam, mas também é preciso ter a
clareza de que esses tiros também matam cada um de nós e a todos nós. Não
podemos deixar que a humanidade torne-se refém de pessoas que falam da
morte com naturalidade e desdenham da dor de quem perdeu um ente querido.
Cadeia para os assassinos e para aqueles que estimulam o ódio e a
intolerância!