Paulo Freire é um dos brasileiros mais conhecidos em todo o mundo: um educador revolucionário, que desenvolveu um método de alfabetização rápido e tinha como ponto de partida a experiência de vida de cada participante do projeto, sempre priorizando a alfabetização dos menos favorecidos.
A sua proposta de alfabetizar e incentivar que os pobres pensassem uma sociedade baseada na igualdade e na justiça social incomodou a elite, a quem não interessava que a grande massa decidisse o seu destino. O pobre pensando soava como ousadia e ameaça aos interesses da classe dominante.
Quando o povo pensa, a realidade muda
Imaginem se a indignação do povo com a falta de saúde, de escolas, de emprego, de segurança, de igualdade de oportunidades, com o racismo e com a discriminação pudesse, efetivamente, ser o ponto principal que estrutura as políticas públicas?
Por que os mais abastados têm acesso à educação, plano de saúde, lazer e outros benefícios e direitos, enquanto os pobres vivem da esperança de governos mais solidários e humanitários?
O primeiro passo do povo para lutar contra esta nefasta perpetuação do pensamento de uma elite que insiste em virar as costas para o povo, mas sempre explora este povo para acumular sua riqueza, é a conscientização, promovida por ele próprio e livre das imposições elitistas e enganadoras.
Depois, é preciso que o povo se organize para definir suas prioridades, sem se deixar ser conduzido por políticos que só aparecem para pedir seu voto – aqueles que prometem resolver todos os problemas dos pobres, mas depois viram vassalos do capital e das elites.
O incômodo das políticas públicas
Se o Brasil tivesse políticas públicas sérias, com regras e punições para quem não as segue, nosso povo estaria muito melhor. A vida fácil dos invasores de terras indígenas, a destruição ambiental, dos empresários exploradores da mão de obra, dos atravessadores de vacinas e das “familícias” sofreria um grande golpe e muitos já estariam presos.
É claro que, quando o país passa por uma tremenda crise, o governo tem que agir rápido, com eficiência e visão social. É inaceitável que iniciativas espúrias de gasto público levem à morte de mais de meio milhão de brasileiros.
O atual desgoverno está destruindo todas as estruturas republicanas e institucionais, para implantar uma sociedade armada, movida pelo ódio e sem respeito pela vida humana.
Não podemos nos deixar levar por um populismo sectário, que, conforme os interesses do capitão presidente, privilegia alguns segmentos da sociedade. Reparem que tudo o que foi proposto durante a campanha (sem debate, é claro), foi deixado de lado. Quem trai seu partido, seu gado eleitoral é capaz de tudo.
Na emergência, é necessário sim o auxílio emergencial e outros programas sociais. Até agora, esse governo, saqueador e incompetente, somente desmancha o que outros governos criaram.
O povo não quer depender de auxílios e nem de programas sociais todos os anos. O povo precisa de políticas públicas que o permitam sair da miséria, do desemprego e que ainda possibilitem uma vida minimamente digna.
É passada a hora de o povo parar de se contentar com iniciativas populistas que, tal como as chuvas de verão, são muito esperadas, mas logo vão embora.