O ego político, as liberdades individuais e os direitos trabalhistas

Todo ser humano gosta de ser elogiado por suas qualidades, posicionamentos assertivos e ações desenvolvidas ao longo de sua vida. Esta necessidade é normal e faz bem para o desenvolvimento pessoal: mas precisamos ficar atentos, para que isso não se torne uma obsessão, um vício. 

Quando focamos as necessidades do ego da classe política, a coisa fica ainda mais complicada, pois o contato com o poder, acaba provocando uma miopia social, em função do distanciamento da realidade vivida pelo povo, que é quem vota e para quem as promessas eleitorais são direcionadas. Além disso, o poder dá a sensação de impunidade e de domínio da verdade.

O comportamento da maioria dos ocupantes de cargos eletivos, deixa transparecer que “nossos representantes” acreditam que é preciso sempre vencer qualquer disputa ou qualquer adversário, não importando a opinião pública e nem as consequências dos seus atos. Para eles, os fins justificam os meios, o que fica melhor ainda usando o dinheiro público.

A psicanálise aponta um grande risco, quando a pessoa prioriza as suas vontades e não respeita os direitos e as necessidades dos outros. O ego passa a falar mais alto do que a realidade e a razão, transformando rapidamente as inseguranças (ou fragilidades) em posturas autoritárias, que acabam desaguando numa questão coletiva, em função dos impactos das suas ações na sociedade como um todo.

São os interesses pessoais que passam a ditar o comportamento daqueles que deveriam liderar e lutar pelo bem comum, por isso a proliferação de partidos políticos e entidades sindicais. O que parece ser democrático em um primeiro momento, acaba dificultando a concretização de uma coesão social, voltada para ao bem comum.

Com raras exceções, a permanência de lideranças nos mais altos postos em suas organizações e partidos políticos, dificulta a renovação e a identificação dos reais anseios e necessidades do povo.

As leis são elaboradas e aprovadas, na maioria das vezes, para atender interesses e diretrizes da lógica capitalista, passando por negociações nada republicanas e prejudiciais, ao povo e ao país. A capacidade de organização da luta operária também esbarra em certo comodismo e na conveniência de alguns “capas pretas”.

O Brasil passa por um momento delicado, pois, o que deveria ser uma disputa sadia entre diferentes visões ideológicas da estrutura e do funcionamento da sociedade, se converteu em um campo de batalha por poder e benefícios incompatíveis com as necessidades para exercício de cargos eletivos. É um vale tudo pelo poder, que não respeita a ética, o diálogo, o debate transparente de ideias, e que, ainda, não prioriza a participação cidadã daqueles que realmente são afetados.

O resultado deste comportamento egoísta e autoritário reflete-se na perda das liberdades individuais. Por isso, a preocupação em reescrever a história, negando a ocorrência da ditadura; na volta ao ataque à imprensa, aos sindicatos, aos conselhos, à Ciência, às instituições do Poder Judiciário e aos adversários políticos.

No campo dos direitos trabalhistas, em muitas vezes, o ego impediu que alianças mais fortes e efetivas fossem construídas em defesa dos interesses da classe trabalhadora. A falta de conscientização política também é fruto da postura reativa de grande parte do movimento sindical. Não falar de política com os trabalhadores é um erro grave, que atomiza a organização da classe e interessa apenas à elite que continua no poder.

É urgente que as lideranças deixem seus egos um pouco de lado e privilegiem as ações que realmente interessam aos brasileiros – caso contrário, o país caminhará ainda mais rápido ao desastre da retirada das liberdades individuais e dos direitos trabalhistas.

É preciso falar sobre política, é preciso ocupar espaços na política. É preciso fazer política, para mudar a política.

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