O deslize político e o deslizamento de terras

A época das férias de fim de ano, que avança pelos meses de janeiro e fevereiro, é sempre esperada com ansiedade pelo merecido descanso e lazer (isso quando sobra dinheiro); No entanto, a época também é de preocupação com a intensidade e com a quantidade de chuvas.

Quando chove pouco, o nível dos reservatórios fica muito baixo, gerando problemas para o abastecimento de água e de energia elétrica; se chove demais, ocorrem os alagamentos, as inundações que param as cidades e derrubam árvores na rede elétrica, e, o pior de tudo, moradias são arrastadas morro abaixo. 

Todo ano é a mesma coisa. A pobreza continua a subir o morro, enquanto as casas são arrastadas morro abaixo, e nós continuamos sem uma política pública eficiente e preventiva. Enquanto os políticos “justificam” seus deslizes, culpando a natureza, inúmeras famílias choram pelos seus entes queridos que perderam a vida – e pelos prejuízos materiais causados pelos deslizamentos.

Deslize político é crime

Quando alguém nos fornece um produto com defeito, um serviço de má qualidade ou inacabado, podemos recorrer aos direitos do consumidor. Quando um patrão não cumpre suas obrigações, a Justiça do Trabalho é acionada – mas, quando um político deixa de cumprir com suas responsabilidades, nada acontece.

Não sejamos ingênuos de acreditar que todos os problemas causados pelos deslizes políticos possam ser resolvidos da noite para o dia, mas, se o povo não se unir e banir os maus políticos da vida pública, esses problemas não vão acabar. Essa é uma das melhores justificativas do porquê votar em candidatos competentes e comprometidos com a sociedade.

É revoltante que o mandatário maior do Poder Executivo, ao visitar pela primeira vez as áreas atingidas por desastres naturais, potencializado pela cegueira e pelo descaso político, jogue a culpa das mortes e dos prejuízos nas costas das famílias afetadas pelos desastres.

Não faltou visão de futuro por parte daqueles que construíram suas casas nos topos e nas encostas dos morros, excrementíssimo presidente! Faltou política pública, faltou financiamento habitacional, faltou planejamento urbano, faltou aplicar a Constituição Federal e prover moradia para o povo. 

A culpa também é dos executivos estaduais e municipais, que, normalmente, não utilizam toda a verba disponível para construção de moradias e para a realização das obras estruturais, demandadas por uma rápida expansão urbana; além disso, eles também não promovem uma fiscalização preventiva.

Outro fator importante, que deve ser atacado de imediato, é a pobreza. Potencializada pelo desemprego e pela precarização do trabalho, empurra milhares de famílias para as áreas de risco, que são as únicas opções para se ter um teto sobre a cabeça. Quando o Estado é ausente e insuficiente, as únicas alternativas de moradia são o morro ou a rua.

Algumas ideias

  • Crédito para construção de moradias populares, priorizando a retirada de famílias que vivem em área de risco;
  • Construção de sistemas de cisternas, para a captação das águas das chuvas no topo dos morros e em suas encostas, a fim de diminuir o volume de água que desce o morro;
  • Recuperar a vegetação nativa dos morros, utilizando práticas agrícolas que promovam a integridade do solo das encostas;
  • Incluir nos planos diretores a preservação e a recuperação das matas ciliares de rios e lagos;
  • Priorizar programa habitacional para as famílias que vivem em áreas de risco, através de mutirões organizados pelo poder público, com assistência técnica de faculdades de arquitetura e urbanismo;
  • Direcionar os valores decorrentes de multas aplicadas a infrações ambientais, para programas habitacionais e campanhas de conscientização e informação;
  • Alterar a cultura da fiscalização corretiva, para fiscalização preventiva, no tocante às construções irregulares.

Não permita que os recorrentes deslizes políticos continuem a provocar deslizamentos, mortes e prejuízos. Vote certo, vote em propostas factíveis, e não em promessas enganadoras!

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