O jornalista Márcio Juliboni, da Revista Veja, entrevistou o presidente do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo, Eduardo Annunciato (Chicão), para edição desta semana da publicação.
A matéria entitulada “Por que a paranaense Copel é exemplo do que a Enel deveria ser e fazer” traz um comparativo das ações da empresa paranaense Copel, que também foi privatizada, com a Enel.
O texto afirma que a diferença central é que a Copel investe em manutenção preventiva, enquanto a distribuidora paulista espera o pior acontecer para reagir — e muito mal.
“A Enel sempre paga para ver se terá um problema”, diz um funcionário que pediu anonimato.
Enquanto promete melhorar, cortou o investimento em manutenção, de 419 milhões de reais no primeiro semestre de 2023 para 315 milhões no mesmo período deste ano. Funcionários ouvidos por VEJA relatam um cenário desolador: almoxarifados vazios e demora de semanas para receber itens básicos como óculos de proteção. Mesmo os recém-contratados ficam parados por dias até ter o material necessário. O sucateamento da rede é uma consequência.
O presidente Chicão criticou a Enel pelas precárias condições de manutenção da rede elétrica. Segundo ele, a empresa italiana, que controla a distribuição de energia em São Paulo, negligencia a manutenção preventiva, o que contribui para a fragilidade da rede. Esse descaso, aliado à redução de pessoal após a privatização, tem levado a frequentes apagões, especialmente durante eventos climáticos severos como tempestades e fortes ventos.
Chicão afirma: “Para piorar, nem todos são técnicos de campo. A falta de pessoal na linha de frente continua. O Sindicato dos Eletricitários calcula que, apenas na capital, a rede necessite de 18 000 intervenções para resolver problemas graves, como postes caídos e fiação danificada”.
Muito pressionada pelo governo, especialmente pelo ministro Alexandre Silveira, a Aneel não tem cumprido seu papel na fiscalização do serviço elétrico em São Paulo.
“O que fracassou na privatização do setor elétrico no Brasil foi a agência reguladora”, diz Andrea Matarazzo, ex-secretário de Energia que assinou o contrato de concessão da então Eletropaulo.
“A Aneel deveria ser independente, mas foi capturada por interesses políticos.” Enquanto isso, a Enel se vale de indicadores de qualidade estabelecidos há 26 anos, inadequados para os tempos atuais, para se defender. Já a Copel, que renovou sua concessão em 2015, cumpre um contrato mais rigoroso, que prevê caducidade automática em alguns casos. “Há espaço para melhorar o modelo da Enel”, afirma Matarazzo.
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