A vida em sociedade é influenciada por diversos fatores, dentre eles, o contexto econômico, o social, o político, o nível de educação, informação e conscientização dos indivíduos, existência e autonomia de instituições democráticas para que a democracia seja fortalecida e ampliada e, principalmente, de canais de comunicação e participação que permitam a cada pessoa expressar sua opinião, suas necessidades e suas expectativas do viver em sociedade.
Ao longo da história encontramos épocas de faraós, imperadores, reis, líderes guerreiros, religiosos e econômicos com diversas formas de ver a sociedade na qual estavam inseridos, mas sempre esteve presente uma clara e estreita relação entre a política e o poder, seja ele econômico, bélico ou decorrente do conhecimento. Além disso, era comum um caminhar junto entre a mesma política e a religião, pois esta última já era utilizada para amedrontar as pessoas e destacar a fictícia divindade daqueles que exerciam o poder.
Inúmeros fatos históricos contribuíram para que a superstição, a crença religiosa inabalável e a desinformação fossem questionadas pela razão, pelo avanço das ciências, pelas reformas religiosas e políticas. Mesmo com todos os avanços ocorridos o autoritarismo algumas vezes disfarçado de nacionalismo, de populismo, de reformismo ou simplesmente usando a violência como principal forma de dominação, a justiça social ainda não foi consolidada, as desigualdades sociais continuam a crescer e os direitos individuais e coletivos, conquistados a duras penas, são retirados por uma elite que se recusa a abrir mão do poder e do acumulo injusto da riqueza produzida pela imensa massa de trabalhadores.
É importante esclarecer que o caminho político percorrido pela humanidade, em sua maior parte, sempre foi determinado e definido segundo os interesses da referida elite, que adota a estratégia de se apoderar dos espaços políticos e dos recursos financeiros para perpetuar o status quo piramidal, onde os pobres sempre estiveram na base da pirâmide social.
Após evolução da humanidade, hoje passamos por um momento de avanços científicos e de retrocesso humanitário, que acaba por apontar semelhanças sociais, apesar das diferenças de tempo e contexto. Continuam a existir classes dominantes e classe dominadas, cidadãos de primeira e de segunda categoria, concentração de poder e de renda, justiça seletiva, ações entre amigos e, o povo sendo lembrado somente em épocas de eleições.
No caso do nosso Brasil, desde a sua redemocratização (ainda incompleta, pois não basta eleições livres e frequentes), a política a cada ano perde a credibilidade perante a população, os debates ficam cada vez mais agressivos e superficiais, o fisiologismo nos dias atuais é ainda mais escancarado e continua sem punição, a ética foi expulsa dos espaços políticos, o dinheiro passou a nortear os acordos políticos, a definir a agenda do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas e das Câmaras Municipais e a atuação dos partidos políticos.
Apesar de honrosas exceções a política séria, alicerçada no debate de ideias e a construção de políticas e aprovação de leis que realmente beneficiem a maioria da população, está sendo substituída por lacrações, por ameaças, por agressões físicas e psicológicas, por mentiras e discursos que somente têm a finalidade de iludir e manobrar opiniões.
Corrupção desenfreada, dinheiro público roubado com emendas pix, privatizações, funcionários fantasmas, rachadinhas, roubo de joias, omissão parlamentar, desvios de verbas via superfaturamentos, são as características da pior classe política já eleita, ressalvadas exceções, que infelizmente são a minoria no lamaçal da política.
Não se trata de polarizar entre esquerda e direita, pois a democracia aceita diferentes ideologias e posicionamentos políticos, mas, não podemos passar pano para partidos e políticos que agem para acabar com a democracia, chega de lobos e golpistas em pele de cordeiro.
Chega de candidatos que se dizem contra o sistema, mas querem uma boquinha bem remunerada na política, eles são o sistema, injusto para o povo mas rentável para eles, chega de atestados falsos, de não cumprimento de metas orçamentárias, chega de abrir portas para o crime organizados, chega de financiadores e promotores de golpes contra a democracia.
A política é coisa séria e importante, pois ela afeta nossas vidas e as vidas das gerações futuras, ela deve ser praticada por indivíduos realmente preocupados com a soberania nacional e, principalmente com o bem-estar coletivo. A política marginal (superficial, sem propostas, sem escrúpulos e impune) é prejudicial ao país e ao povo e só interessa aos marginais que desgraçadamente são eleitos.
Eduardo Annunciato – Chicão
Presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores em Energia, Água e Meio Ambiente – FENATEMA e do Sindicato dos Eletricitários do Estado de São Paulo – STIEESP
Vice-presidente da Força Sindical
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