Não querem a bandeira vermelha e muito menos a Ordem e o Progresso

Desde a eleição de Jair Bolsonaro, representante da podre direita brasileira (aquela que se diz conservadora, mas que, na realidade usa os valores do conservadorismo para acobertar suas reais intenções e deficiências), o país mergulhou em uma premeditada confusão de conceitos e ideologias políticas, que prosperou muito, em função de o brasileiro não discutir política.

Os atos terroristas, que não são manifestações pacíficas e nem espontâneas, são crimes e assim devem ser tratados. Quem planeja ou participa de ações contra a democracia, e, principalmente, contra o funcionamento das instituições democráticas do Estado, está cometendo crime previsto no Código Penal. Existem meios democráticos para a alteração de qualquer lei, caso contrário, ela deve ser cumprida a risca, o que não aconteceu. O resultado está aí.

A violência ocorrida em Brasília, no dia 08 de janeiro de 2023, vinha sendo planejada havia tempos. Desde a posse do capitão cloroquina, todos sabiam do DNA violento e autoritário do governo que se instalou no Brasil: a mídia sabia, os partidos políticos sabiam e a Justiça sabia – mas nada foi feito de fato, pois o esquema da “familícia” barrava qualquer iniciativa da sociedade. O resultado esta aí.

Numa lista extensa de prejuízos materiais, os prédios dos Três Poderes foram invadidos e depredados e a democracia foi atacada, mas resistirá, para a frustração dos golpistas. Essas pessoas (?), que cometeram tantos crimes, provavelmente sempre condenaram qualquer greve de trabalhadores, bem como os atos do MST e do MTST, classificando estas ações como terrorismo. Mas e agora, o que vão falar? Qual será o discurso da direita, que afirmava que as manifestações eram pacíficas, apesar de ameaças feitas a caminhoneiros que queriam trabalhar, das mortes ocorridas por causa dos bloqueios das estradas, das agressões a jornalistas?

Por ignorância, fanatismo religioso, preconceito ou carater violento, milhares de brasileiros foram para frente de quartéis para pedir a intervenção militar e acusar de fraude as eleições de 2022, sem provar nada (lembrando que as urnas são as mesmas que elegeram o capitão cloroquina e seu bonde). Quem pensa diferente e se manifesta é comunista; eles são os cidadãos de bem. O resultado está aí.

Basta pesquisar um pouco, que se constata que esse não foi o primeiro ato terrorista ocorrido no Brasil. O mais estarrcedor é que todos eles foram planejados e executados pela direita radical, e, especialmente, por parte das Forças Armadas.

Em 1968, o capitão paraquedista de resgate Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho recusou-se a cumprir as ordens do então Brigadeiro João Paulo Moreira Burnier, para explodir o gasômetro do Rio de Janeiro, dinamitear uma represa e jogar 40 lideres políticos no oceano, para, depois, culpar a esquerda. O capitão foi cassado pelo AI-5.

Em 1980, na sede da OAB-RJ, a secretária do Conselho Federal da Ordem abriu um pacote enviado ao escritório e o artefato que estava em seu interior foi detonado. Assim, a mais antiga funcionária da entidade faleceu no hospital, por causa dos graves ferimentos causados pela explosão.

No dia 30 de abril de 1981, uma bomba explodiu no colo do sargento Guilherme do Rosário, que estava no estacionamento do Riocentro, enquanto mais de 20 mil pessoas assistiam aos espetáculos musicais em comemoração ao Dia do Trabalhador. Novamente, a esquerda seria responsabilizada, de forma mentirosa, caso a operação obtivesse sucesso.

Em 1987, o então militar Jair Messias Bolsonaro foi julgado pelo Supremo Tribunal Militar por causa do seu envolvimento com a operação “Beco Sem Saída”, que previa a explosão de várias bombas em unidades militares do Rio de Janeiro. A motivação era a insatisfação com os soldos pagos pelo Exército, e, de forma não muito clara, Bolsonaro foi “inocentado” – mas, mesmo assim, foi reformado, uma forma mais branda de expulsão do Exército.

Esses são alguns fatos que demonstram que sempre existiu uma parte radical da direita, em especial nas Forças Armadas, que não entende que o papel e a responsabilidade institucional da republica é zelar pela democracia através da manutenção da ordem social. Essa ordem não é definida pelas Forças Armadas, mas sim pela sociedade, através de mecanismos legais, como, por exemplo, eleições livres, plebiscitos etc.

Os valores defendidos pela direita confundem-se com posições fascistas e antidemocráticas, que, premeditadamente, são disseminadas por empresários, políticos, jornalistas e militares, de forma irresponsável. Tomaram conta de uma parte da população brasileira, composta por desinformados políticos, pessoas extremamente preconceituosas e egoístas, que não estão preparadas para conviver com o contraditório da democracia. O resultado esta aí.

De nada adianta o governador do Distrito Federal pedir desculpas ao Presidente Lula, pois a democracia precisa de ações diárias que a fortaleçam – e não de pedidos cínicos de desculpas. Apesar dos inumeros avisos, o governador nomeou o ex-ministro da Justiça do governo do capitão fujão, Anderson Torres, como Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Quem sempre prevaricou, muito provavelmente, continuaria a prevaricar. O resultado esta aí: governador afastado e secretário, que também está na Flórida, com pedido de prisão em análise.

A política brasileira precisa ser revisada com muito rigor e transparência, para que as práticas coniventes de crimes contra o interesse nacional e dos brasileiros não continuem a ocorrer, assim como o recorrente descaso de agentes públicos.

Governador que não governa, secretário de segurança que não atua, políticos que insistem em afirmar que os atos terroristas são apenas manifestações, Justiça que tarda a punir crimes hediondos, orçamento secreto, conchavos partidários, desvio de verbas e muito mais não podem ser aceitos, caso queiramos, efetivamente, melhorar o nosso Brasil.

Os financiadores, estimuladores, planejadores, apoiadores e executores dos recorrentes atentados contra o Estado e às suas instituições devem ser identificados e levados a julgamento com amplo direito de defesa, mas sem qualquer tipo de condescendência – afinal, criminoso é criminoso, e ninguém pode alegar o desconhecimento da Lei. Nas redes sociais, milhares de pessoas bradavam, de forma inconsequente, que o artigo 142 da Constituição Federal deveria ser aplicado, todos sem a menor noção do que significa abrir mão das liberdades individuais, que é o que acontece em uma ditadura ou intervenção militar.

Em uma democracia, todos têm direito de expor suas ideias – é o que costumamos chamar de liberdade de expressão. Entretanto, propagar mentiras, proferir ataques, realizar ameaças pessoais e incentivar a desobediência civil apenas para desestabilizar a ordem social e atacar o Estado de Direito, é crime, e assim deve ser tratado.

Aqueles que ainda acham que colocar uma camiseta do Brasil e se enrolar na bandeira nacional lhes dá o direito de deturparem a Constituição Federal e rasgarem o Código Penal, que clamam por uma intervenção militar e que usam de maneira errada a religião, deveriam direcionar toda essa energia para tentar entender o que é democracia, o que é respeitar os direitos de todos e a importância da diversidade – enfim, o que significa viver em sociedade.

Antes de usar de forma tão mesquinha e errada a bandeira nacional, é preciso entender o que significa, para um país democrático, a Ordem e o Progresso; antes de falar que a “a nossa bandeira jamais será vermelha”, esses aloprados precisam aprender o que é ordem social e buscar o progresso enquanto seres humanos. 

Atos de terrorismo nunca foram e nem serão manifestações pacíficas. Tá na lei e é crime.

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