Morrer pobre não é opção: é uma imposição!

“É impensável que o eleitor da cidade de São Paulo não reflita sobre a importância de votar em quem tem compromisso com o povo; vejam os vereadores aprovando a privatização da Sabesp, atacando o Padre Júlio Lancelotti, fechando os olhos para a violência policial na periferia…”

Quantas pessoas você conhece que querem morrer pobres? Mesmo alguém mais simples, com pouca ou nenhuma escolaridade, que não foi dominado pela ambição materialista exagerada, deseja melhorar a sua vida e a dos seus dependentes. Desejar e trabalhar para ter uma vida minimamente digna, também em termos financeiros, é muito mais que uma vontade: é um direito que todos têm.

Nas últimas décadas, ao mesmo tempo em que as pessoas são premeditadamente incentivadas a se tornarem mais individualistas, a tratar seu semelhante como concorrente (principalmente no mundo do trabalho e dos negócios), surgem incontáveis livros de autoajuda que prometem mudar a vida de cada leitor, manuais de prosperidade e receitas para o sucesso. Tudo com um bem planejado marketing, que leva milhões de pessoas a se distanciarem de valores essenciais à vida em sociedade – tais como solidariedade, respeito à diversidade, justiça social e justiça econômica.

A quem interessa que vivamos em uma sociedade (?) que não valoriza e não cuida das pessoas? A quem interessa que vivamos em uma sociedade (?) onde as pessoas valem pela quantidade de bens materiais que têm, e não pelo que são? A quem interessa que vivamos em uma sociedade (?) que aliena as pessoas e determina o que pensar, o que falar, o que comprar? A quem interessa que vivamos em uma sociedade (?) onde não existam regras e leis que protejam as relações sociais dignas e construtivas? A resposta a essas perguntas é uma só: a uma elite econômica que usa as frustrações dos indivíduos, para continuar a enriquecer com a exploração do seu semelhante e com a ausência de leis.

É interessante pararmos e pensarmos como, em momentos de falta de esperança, necessidades não atendidas, acúmulo de frustrações ao longo da vida, acúmulo de dívidas, doenças e ansiedade materialista, surgem um sem número de mercadores da fé, prometendo milagres diretamente proporcionais ao tamanho da contribuição dos fiéis.

Outro ponto que merece uma análise mais detalhada é o surgimento de coachs, influenciadores digitais que se enriquecem com cursos, palestras, vídeos e mensagens motivacionais, que usam os momentos difíceis das pessoas para convencê-las que uma vida melhor só depende delas. Mentira. Falta trabalho digno para milhões de brasileiros, falta salário digno para a maioria dos trabalhadores, falta infraestrutura nas áreas de saúde, educação, moradia, transporte etc. Esta realidade não muda enquanto não nos dermos conta que dependemos uns dos outros, para que a justiça social e a justiça econômica se tornem objetivos prioritários da sociedade e de seus governantes.

A questão central é a de que, até quando as pessoas continuarão a acreditar e votar em candidatos que não se importam com a vida daqueles menos favorecidos, apesar de fazerem discursos que prometem um futuro melhor? Não merece o voto nenhum candidato que não conheça a realidade dos pobres, as suas necessidades, as suas expectativas e seus potenciais.

Aliás, é impensável que o eleitor da cidade de São Paulo não reflita sobre a importância de votar em quem tem compromisso com o povo; vejam os vereadores aprovando a privatização da Sabesp, atacando o Padre Júlio Lancelotti, fechando os olhos para a violência policial na periferia… Vejam o povo elegendo um governador e vários deputados que, nem sequer, moravam em nosso Estado. Chega de aventureiros de extrema-direita e de políticos fisiológicos, movidos a emendas parlamentares polpudas, que se escondem atrás de uma pauta dita conservadora.

É estarrecedor que, com todos os crimes cometidos pelos bolsonaristas, ainda haja espaço em partido político e nos meios de comunicação para um pré-candidato que afirma que morrer pobre é opção de cada um.

Morrer pobre não é uma opção, é uma imposição de um sistema capitalista, que se baseia na acumulação de renda a partir da exploração da mão de obra e da captura do Estado, onde somente se votam leis e projetos que interessam à elite econômica do país, que, via de regra, deixa os interesses coletivos e as prioridades sociais em segundo plano.

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