Governo sem bom senso deixa o Brasil sem censo

Como é possível que agentes públicos elaborem políticas públicas, sem saber qual a realidade da população brasileira? Qual o perfil da população brasileira? Quais são suas características e suas necessidades? 

Somente um governo altamente negligente para com o seu povo, mal intencionado ou incompetente, abre mão de conhecer a realidade dos municípios, dos estados e das regiões do país.

O bom senso (escrito com “S”) refere-se à capacidade de entender os problemas, a realidade e as necessidades das pessoas. Também está ligado à capacidade de realizar julgamentos baseados em dados e informações, eliminando o achismo e reduzindo a possibilidade de erros, em termos de gestão pública; também é característica de pessoas equilibradas e prudentes.

Já a palavra censo (iniciada com “C”), diz respeito às atividades de contagem e levantamento estatístico de dados referentes a um determinado conjunto de pessoas, que permitem conhecer a realidade, as demandas e as expectativas desta população. Atividades estas que são desenvolvidas durante a realização do Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Crédito: rafaela-biazi-unsplash

O documento é elaborado desde 1872, e, na última edição, foram visitados mais de 60 milhões de residências em todos os municípios do país. A amostragem dos dados coletados é utilizada para conhecer o tamanho da população e as suas diversas características. O IBGE, por força de lei, deve realizar o censo a cada dez anos, por isso, o mesmo deveria ter sido realizado no ano passado.

Passados dois anos e meio do atual desgoverno, o Brasil continua sem um plano de governo. Será despreparo, ou simplesmente a política da terra arrasada? Em vez de melhorar e implementar novas políticas públicas, a trupe de Brasília se ocupa de acabar com o que existe. É vergonhoso e nefasto para o país, o desprezo pela ciência e pela informação, que norteia as besteiras federais.

O negacionismo está presente no ataque às universidades, no combate à pandemia, nos ataques à imprensa, na elaboração de fake news, na tentativa de apagar a história e impor narrativas baseadas no radicalismo religioso e no conservadorismo reacionário.

Ao adiar a realização do Censo do IBGE, de 2020 para 2021, e a tentativa de mais uma vez postergar este importante levantamento, os vassalos do capitão presidente reforçam sua aversão à ciência; mas, qual a importância dos resultados deste censo?

Crédito: thiago-japyassu-unsplash

Para que tenhamos uma ideia da sua importância, é preciso lembrar que, durante as visitas dos ‘coletores de dados’ do IBGE, as famílias respondem perguntas sobre a frequência de jovens e adultos à escola e à universidade, sobre o acesso ao saneamento e à energia elétrica, sobre a forma de sustento da família, além de questões sobre raça, tipo de moradia, coleta de lixo, mortalidade, entre outras.

Os resultados finais do Censo IBGE permitem que os gestores públicos identifiquem áreas carentes de transporte público, infraestrutura, escolas, hospitais, empregos e moradias. O detalhamento da pesquisa é tamanho, que, até o tempo de deslocamento entre casa e trabalho é levantado; também são disponibilizadas informações sobre a existência de pessoas com deficiência física ou intelectual, sem RG e CPF, e até pessoas que não têm registro civil.

Não realizar o censo, além de desobediência legal, é mais um tiro no pé por parte do desgoverno federal. Como elaborar políticas públicas, sem conhecer a realidade social e econômica do povo? Mais uma vez, é preciso alertar que um povo desinformado é mais fácil de ser manipulado, e que um governo autoritário e incompetente, faz desta desinformação sua estratégia para “passar a boiada”.

Ao determinar a realização do Censo ainda este ano, um dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) deixou claro, mais uma vez, que a equipe federal não possui Bom Senso.

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