F de fé… F de farsa… P de política… P de politicagem

A cada nova eleição, o nível dos debates só cai. Já faz algum tempo que
debater deixou de significar apresentar e discutir propostas, por parte de muitos
candidatos, para que a população tenha conhecimento das intenções e
potenciais daqueles que pedem seus votos, e decidam, de forma consciente e
crítica, o que seria melhor para cada indivíduo e para a coletividade.

Os debates se transformaram em um circo de horrores. Circo porque quem
sobe ao picadeiro televisivo preocupa-se em desconstruir a imagem pessoal
dos seus adversários políticos, ocultando suas limitações e verdadeiras
intenções. De horrores, pois a democracia, os direitos humanos, o respeito e a
solidariedade com seu semelhante estão sendo substituídas pela violência,
pela intolerância e pelo fundamentalismo. Poucos são aqueles que se dirigem
aos espectadores para falarem de ideias, propostas e políticas que, realmente,
interessem à maioria da população.

É revoltante a constatação de que muitos daqueles que se apresentam como
candidatos, não têm propostas e nem estão preparados, que escondam suas
posições políticas tomadas no passado, que distorçam dados e informações.
Eles se colocam como incansáveis defensores da democracia e da verdade, no
entanto, o que mais fazem, é mentir para o povo.

Em um recente debate dos presidenciáveis, do qual o presidente Lula não
participou, surgiu a figura de um candidato, apresentado como padre Kelmon.
Ele estava visivelmente preocupado em atacar Lula e servir de escada para o
candidato à reeleição. Ocorre que a igreja citada pelo referido “padre”, a Igreja
Sirian Ortodoxa de Antioquia no Brasil, emitiu um comunicado oficial, negando
qualquer relação do candidato com a Igreja, informando que o mesmo nunca
participou de nenhuma atividade da instituição.

No grego, a palavra “fé” deriva da palavra pistia, que significa acreditar. Em
hebraico, ela se origina da palavra emuná, que significa lealdade. Por fim, no
latim, a sua origem está na palavra fides, que significa fidelidade. É correto
afirmar que a Fé é uma esperança e uma convicção completa em alguma coisa
ou em alguém. Mesmo que não existam provas e evidências materiais para tal
sentimento, a Fé se coloca no campo contrário da dúvida, andonado lado a
lado com a certeza e com a firmeza.

Não é admissível que qualquer indivíduo fale da Fé usando da má fé, com o
intuito de enganar ou sensibilizar as pessoas a acreditarem em suas palavras.
A Fé, quando se sustenta em mentiras, passa a ser um pecado, caracterizando
também uma farsa.

A situação fica ainda mais complicada e repugnante quando se usa a Fé das
pessoas para ludibriá-las, com objetivos nada religiosos. É certo e necessário
que a política receba mais atenção da sociedade e de suas diversas
segmentações. O que deve ser questionado, no entanto, é o uso de algo
extremamente importante para as pessoas – no caso, a sua Fé – para
interesses nada cristãos. Existem partidos políticos criados por igrejas, existe
senadora que afirmou que é chegada a hora de a igreja governar e é preciso
muito cuidado com qualquer tipo de radicalismo ou fundamentalismo religioso,
pois a história é repleta de milhares de pessoas que foram mortas por
divergências religiosas. Quem leu e compreendeu a Bíblia, sabe que a
violência não é tolerada em seus ensinamentos.

Quem usa a Fé das pessoas e distorce os ensinamentos bíblicos, sejam
candidatos a cargos eletivos, ou empresários da Fé, se tivessem um pingo de
vergonha e honestidade, deveriam parar de enganar as pessoas. A verdadeira
política respeita, assim como a democracia, todas as crenças, inclusive
aqueles que não possuem nenhuma. Já a politicagem, nada mais é do que a
apropriação da política por pessoas de pouca índole moral e honestidade.

A política tem a ver com ideias e propostas que visam o bem comum, com o
debate honesto e consequente, com a responsabilidade de ocupar um cargo
eletivo e com o respeito aos princípios éticos e morais. Já a politicagem anda
de mãos dadas com o egoísmo, é usada para atender interesses pessoais e
escusas trocas de favores.

Independente do tipo de sua Fé – cristã, judaica, islâmica, ou mesmo que você
não acredite em nenhuma religião – fique atento com os mercadores que se
misturam com maus políticos. Fique atento aos maus políticos, que usam a sua
Fé para chegar ao poder político, pois eles desconhecem o verdadeiro
significado de acreditar, de ser leal, de ser fiel e de se preocupar com a
sociedade em seu todo, de trabalhar para todas as famílias e para a pátria,
sem o radicalismo da luta do bem contra o mal.

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