Entregar a CEITEC para Elon Musk: mais um golpe contra o Brasil

O sistema capitalista baseia-se na acumulação de capital, adotando a estratégia de concentrar poder ou cooptar quem tem esse poder nas mãos, para atingir algum objetivo. Para tanto, o capitalismo não titubeia em corromper políticos, desmontar Estados e governos, flexibilizar legislações, e, até mesmo, patrocinar golpes em diversos países. 

Atualmente, no Brasil, vem se desenhando outro inescrupuloso processo de ataque à soberania nacional. É a entrega da CEITEC para Elon Musk, simplesmente, o empresário mais rico do planeta! Ele mesmo, o fabricante dos carros elétricos Tesla, que participa da corrida espacial através da SpaceX, outra gigante empresa de sua propriedade.

Quando o assunto é acumular riquezas, este endeusado empresário norte-americano não hesita, mesmo que isso custe o futuro de milhões de pessoas e de países inteiros: é a perversa lógica de que os fins justificam os meios.

Para se ter uma ideia, Elon Musk tinha um grande interesse no resultado das eleições da Bolívia, ocorridas em 2019. Caso Evo Morales ganhasse as eleições, ficaria mais difícil a atuação neoliberal naquele país, que, simplesmente, é o maior produtor de lítio do mundo – o insumo mais valioso e importante para a construção de baterias. E os carros elétricos Tesla usam o que como combustível? Isso mesmo, baterias.

O que é a CEITEC?

O Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (CEITEC) é uma empresa estatal, ligada ao Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação, sediada em Porto Alegre (RS). É a única fabricante de chips e semicondutores da América Latina. Quando você abre seu celular e vê algumas “plaquinhas pretas”, que são os chips, e um monte de “pontinhos dourados”, que são os semicondutores, eles não são feitos de ouro e nem de cobre – sua matéria prima é o silício metalúrgico. E sabe quem é o segundo maior produtor do silício metalúrgico do mundo? O Brasil.

O domínio da tecnologia para desenhar e fabricar estes semicondutores é determinante na guerra política, econômica e tecnológica travada no mundo atual, cujos maiores protagonistas são os EUA e a China. Não por acaso, quando falamos de tecnologia, de imediato vem em nossa mente o “Vale do Silício”, onde está concentrada a maior parte do desenvolvimento e da inovação, em termos de tecnologia.

Fácil compreender o interesse de Elon Musk (primeiro na Bolívia e agora no Brasil). O seu negócio precisa do lítio boliviano, para fabricar as baterias de seus carros elétricos, que também usam centenas de chips e milhares de semicondutores – isso mesmo, aqueles fabricados pela CEITEC.

Outro golpe neoliberal

Por que é tão difícil para um país em desenvolvimento, como o Brasil, tornar-se, efetivamente, uma potência mundial? A resposta é simples: a lógica do sistema capitalista defende a concorrência quando se trata de acumular riquezas, mas não admite a concorrência quando se trata de poder.

Não é interessante que o bolo do poder mundial tenha que ser dividido em mais fatias, a fim de atender a chegada de mais países à condição de potência mundial. Além disso, precisamos de países que se conformem com a condição de exportadores de produtos primários e pouco industrializados, como é o caso do Brasil.

Durante a Conferência da ONU sobre as mudanças climáticas, realizada em Glasgow, na Escócia, o ministro das comunicações do nosso país parecia um fã encontrando o seu maior ídolo pela primeira vez. Só faltou ele pedir um autógrafo para Elon Musk. Esta cristalina admiração não é por acaso: estava na pauta do referido ministro o início das negociações sobre a aquisição (a preço de banana e com as benesses do dinheiro público do Brasil) da empresa CEITEC por Musk.

A estratégia neoliberal entreguista é a mesma: desmontar a empresa, suspendendo os investimentos governamentais (feitos com o dinheiro do povo), para que ela se torne improdutiva e seu preço diminua – justificando, assim, a sua privatização. Isso foi feito com a Vale do Rio Doce, com a Embraer e com várias empresas do setor elétrico. Atualmente, ainda se fala da Eletrobras e da Petrobrás. 

Quais os reais interesses em entregar mais uma estatal de ponta e altamente lucrativa, se for bem apoiada pelo governo, que aumenta as chances do Brasil desenvolver-se no segmento da tecnologia, da inovação e da telecomunicação? Será cobrado um dólar por chip e semicondutor entregues?

Onde estão os políticos, os empresários e os militares nacionalistas nessa hora? Acorda, Brasil!

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