Às vezes, a greve é amarga. Mas sempre será um direito!

Infelizmente, é comum que, quando ocorre uma greve, a maioria das pessoas e a quase totalidade das mídias critiquem os seus efeitos, mas, dificilmente apontam os motivos que levaram os trabalhadores a paralisarem suas atividades.

Se as condições de trabalho fossem minimamente dignas, os salários justos e os direitos respeitados, a maioria das greves não ocorreria. Isso sem contar que, nem sempre, os julgamentos das ações trabalhistas relativas aos dissídios coletivos são isentos.

Origem do termo greve

Grande parte dos trabalhadores já pensou em “fazer greve”, mas a maioria não conhece a origem desta expressão, que surgiu uma praça de Paris (Place de la Grève), às margens do Rio Sena. Esta praça foi batizada por causa de um tipo de areia bem grossa, chamada grava, encontrada naquele local.

No século XVII, os homens desempregados se reuniam nesta praça para buscar um trabalho. Portanto, naquela época, o significado de “fazer greve” era procurar um emprego.

Após o efeitos da Revolução Industrial provocarem uma maior exploração da mão de obra, a Place de la Grève passou a ser local de encontro das pessoas que protestavam por melhores condições de trabalho – assim, a “greve” se tornou símbolo das reivindicações trabalhistas.

No Brasil, o direito à greve é reconhecido no art. 9º da Constituição Federal, como um instrumento de luta pelos interesses trabalhistas. Entretanto, quando se trata de greve nos serviços essenciais, algumas limitações devem ser instituídas, por meio de legislação pertinente. Isso significa que os Eletricitários são essenciais, quando a legislação, elaborada por deputados federais e senadores, assim os permitem. Temos que mudar esta legislação.

A greve pela vida

O Brasil está retrocedendo na defesa dos direitos humanos. Além da luta por emprego e por melhores condições de trabalho, os Sindicatos atuam de forma decidida em defesa da vida. Entre os temas principais, está a defesa da vacinação ampla, geral, irrestrita e rápida contra a Covid-19.

Milhares de trabalhadores já perderam suas vidas; outros, ficaram com sequelas, que poderão ser usadas como desculpa pelos patrões, para não empregá-los. 

A greve é um direito dos trabalhadores, mas não podemos achar normal que uma paralisação ocorra por causa da morte de um Eletricitário, cuja atividade é essencial, mas que não teve acesso prioritário à vacina contra a Covid-19.

Jamais defenderemos a instituição do “quem pode mais, chora menos”, quando falamos de saúde pública e de vacinação.

O que exigimos é um mínimo de coerência com os trabalhadores que atuam em contato direto com a população, para garantir o fornecimento de energia elétrica. O que exigimos é um mínimo de compromisso com a preservação da vida de um ser humano.

Neste sentido, o Sindicato dos Eletricitários de São Paulo encaminhou ofício para todas as empresas com as quais negocia e para os prefeitos dos 109 municípios onde atua, na defesa dos interesses dos trabalhadores.

Incentivados pelas mentiras presidenciais, que insufla o boicote às vacinas, ao uso das máscaras e ao distanciamento social, 105 prefeitos não se manifestaram. As empresas nem sequer se deram ao trabalho de defender, com energia, o seu “maior patrimônio”: o trabalhador.

O resultado trágico desta postura foi a morte de um trabalhador da empresa ISA CTEEP, de Cabreúva. Agora, dentre aqueles que poderiam ter feito alguma coisa em defesa da vida, alguns enviarão condolências à família, outros ficarão sensibilizados por alguns minutos, mas, quais serão as atitudes preventivas?

Apoiados pela diretoria do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo, os trabalhadores de Cabreúva cruzaram os braços em defesa da vida do Eletricitário, cobrando novamente, dos prefeitos e do governador, a vacinação dos trabalhadores essenciais.

É fato que a luta sindical incomoda os patrões e não interessa à lógica neoliberal. Rasgaram a CLT, tentaram mais uma vez desmantelar os sindicatos, retiraram direitos trabalhistas, dificultaram ao máximo o acesso à aposentadoria.

Esta luta sempre foi travada nos portões das fábricas, nos escritórios, nos canteiros de obras, nos acordos coletivos e nos tribunais. Muitas greves já foram realizadas, outras tantas virão.

O triste é ter que deflagrar uma greve amarga, motivada pela perda da vida de um trabalhador. Enquanto houver exploração, haverá luta e ocorrerão greves.

São verdadeiras e decisivas as palavras do líder da categoria, o presidente do Sindicato, Eduardo Annunciato (Chicão).

Nossa categoria será respeitada, pelo amor ou pela dor. Respeitada pelos trabalhadores, pelo governo e pela sociedade!”

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