“Aí rapaziada, aqui é Fogão!”

Uma das quase unanimidades brasileiras é a paixão pelo futebol. A maior parte da população tem uma escalação ideal da seleção nacional e muitos se consideram competentes analistas do desempenho do seu clube preferido.

O futebol, esporte que arrasta milhares de pessoas para os estádios e movimenta milhões de reais com transmissões, patrocínios, produtos e afins, também é uma fonte de votos – pelo menos, na cabeça da maioria dos políticos.

Um exemplo desta afirmação é o uso, por parte do capitão presidente, de várias camisas de clubes de futebol, sejam eles grandes ou pequenos, dos mais diferentes estados do país. Cabe destacar que, na ânsia de ser popular, o referido mandatário já foi até barrado na porta do estádio, por não estar vacinado contra a COVID-19.

A última aparição do presidente foi com a camisa do Botafogo, que acaba de se sagrar campeão da Série B do campeonato brasileiro. Com seu jeito fanfarrão, Jair (que bom seria se fosse o Jairzinho, ou mesmo o falecido Jair da Rosa Pinto, estes sim, craques que deram alegrias imensas aos brasileiros), o nada craque Jair Messias Bolsonaro cunhou a frase: “aí rapaziada, aqui é Fogão”. Mais uma aparição oportunista deste arremedo de político.

Menos futebol e mais igualdade

A desigualdade social, um dos maiores problemas do Brasil, também é evidente no futebol. Somente a minoria dos atletas consegue assinar contratos com altos salários – o que contrasta, também, com a condição social do torcedor, que nem sempre tem dinheiro para comer, quanto mais para ir ao estádio.

A maioria da população brasileira está preocupada com o Fogão, não o tradicional clube carioca, e sim com o fogão da cozinha, que não pode ser usado por causa do preço do gás e também pela falta de grana para comprar comida. Nos dias de hoje, usar o fogão está cada vez mais difícil.

O povo gostaria que o capitão populista demonstrasse interesse em valorizar mais o fogão da cozinha, em vez de usar, de forma demagógica, a camisa de um clube de futebol tão tradicional, afinal, “tapinha nas costas” não enche barriga. Somente um emprego e um salário digno é que possibilitarão que o fogão volte a ser importante na vida do brasileiro. Queremos que os políticos sejam menos populistas e mais populares!

Populismo x Popular

Sempre que chega uma eleição, vemos a maior parte dos candidatos visitando comunidades, tomando cafezinho na padaria e segurando crianças no colo. Essa mesma lógica midiática também é usada nas propagandas políticas nas redes sociais e nos canais de televisão. A grande maioria dos candidatos diz que é amiga do povo e que conhece os seus problemas, e, pior de tudo: faz promessas que jamais serão cumpridas, ou mente descaradamente.

Na hora de decidir em quem votar, precisamos diferenciar o populista do popular. É preciso valorizar nosso voto, escolhendo os melhores candidatos e as melhores propostas.

Populismo é um estilo de governo, em que o político tenta se tornar um líder carismático. Para isso, ele e seus marqueteiros constroem uma imagem que não é real, e, assim, mobilizam as massas de eleitores, e usam, ainda por cima, a máquina pública para se perpetuar no poder, concedendo benefícios paliativos, em vez de buscar resolver, definitivamente, os problemas do povo.

Já o popular é uma pessoa que faz amigos com facilidade e acaba sendo querido e conhecido por quase todo mundo. As pessoas lembram e falam dela, o que é fundamental para quem se candidata a um cargo eletivo.

O voto deve levar em conta a trajetória do candidato, seu perfil, sua honestidade, sua capacidade de propor e lutar por mudanças, que realmente beneficiem a sociedade como um todo e seu compromisso com o povo. Portanto, não podemos nos enganar por populistas, que criam auxílios e benefícios às vésperas das eleições.

Queremos falar do Fogão, mas também queremos usar o nosso fogão de cozinha, afinal de contas, saco vazio não para de pé e não consegue nem torcer pelo seu time do coração. Mais do que fome de bola, nós temos fome de comida, mesmo. Emprego e salário digno já!

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