A vacina contra a corrupção

Definir a partir de quando a corrupção se instalou no Brasil, é uma tarefa praticamente impossível, pois teríamos que vasculhar a história brasileira desde o seu descobrimento. Não adianta procurar culpados no passado, se não nos esforçamos para erradicar este nefasto e mesquinho comportamento.

O ministro do STF, Luis Roberto Barroso, é o autor de uma frase que retrata bem o porquê da corrupção se alastrar, ainda mais, por toda a sociedade brasileira:

A corrupção é fruto de um pacto oligárquico, celebrado entre boa parte da classe política, do empresariado e da burocracia governamental, para saquear o Estado brasileiro”. 

Boa parte do retrocesso do Estado brasileiro, em diferentes dimensões (tais como a econômica, social, jurídica e política), é resultado direto da malversação dos recursos públicos, encoberta e estimulada por leis propositalmente elaboradas em benefício das elites que “governam” o país há algumas décadas.

A desigualdade social que se amplia a cada dia, a fome, o desemprego, o descaso com a saúde, o desleixo com a educação e a prática de uma justiça seletiva, que pune justamente os que mais dela dependem, em uma sociedade capitalista e discriminadora, é diretamente proporcional ao fortalecimento da corrupção.

Em uma economia altamente competitiva, os países em vias de desenvolvimento e que não conseguem eliminar a corrupção, têm pouquíssimas chances de melhorar as condições de vida de seus habitantes. Quando se desviam recursos públicos da educação e da pesquisa científica, a casta que se beneficia desta prática sórdida e irresponsável condena o país ao atraso intelectual e à dependência do conhecimento e da tecnologia de outros países. Em plena era da informação e das inovações, a mão de obra brasileira é cada vez mais despreparada.

O desvio de recursos das áreas sociais atinge em cheio a população mais carente, que não tem forças para sair do atoleiro da ausência do Estado de bem estar social. Sem trabalho, sem saúde e sem educação, não podemos falar de dignidade da pessoa humana. A insensibilidade dos governantes, principalmente na esfera federal, fica clara quando o capitão presidente fala para o brasileiro “morrer sem sentir”, às vésperas da chegada da terceira onda da COVID-19, depois de mais de 490 mil mortes.

Será que ele sabe o que é ser intubado sem anestesia? Será que ele sabe a intensidade da dor provocada por inúmeras doenças, como, por exemplo, o câncer?

O inaceitável é que a maioria dos ocupantes de cargos nas instituições brasileiras permanece calada, finge que não vê o problema e perpetua a impunidade e a roubalheira.

Falta pulso, solidariedade e compromisso com a verdade e com a justiça social. Para a maioria da classe política e da classe empresarial, daqueles que deveriam zelar e aplicar as leis, e, principalmente, para aqueles que fazem as leis.

Um povo pobre, sem emprego, sem comida e sem vacina, não produz, não consome, não tem dignidade e depende, cada vez mais, do Estado. Qual o futuro que espera por nossos jovens? Como viverão os mais velhos?

Até quando o povo vai suportar a miséria e a discriminação, promovidas por decisões erradas da elite que continua no poder, pelas omissões daqueles que mentiram durante as campanhas eleitorais? O Brasil precisa também de uma vacina contra a corrupção.

Diferentemente de outras vacinas que precisam ser desenvolvidas, nós temos o voto, que é a melhor imunização contra a corrupção. Entretanto, não basta votar – é preciso aprender a votar, a analisar melhor os candidatos, suas propostas, seu passado, seu caráter, eleger aqueles que realmente se comprometem com o povo, e, principalmente cobrar ações e transparência em seus mandatos.

A maior efetividade do combate à corrupção e os retrocessos apresentados por inúmeros países são itens com grande destaque nas agendas dos países mais ricos e desenvolvidos.

A própria OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), criou um grupo de trabalho em sua estrutura, para acompanhar, mais detalhadamente, a preocupante deterioração das práticas anticorrupção no Brasil e a recorrente omissão do atual governo.

Isso demonstra que o Brasil precisa de uma correção de rumo urgente, de governantes que não aceitem e se deixem conduzir pela corrupção: afinal, eles são eleitos para servir ao povo e ao país, não para prejudicá-los. 

Quando a corrupção é pandêmica, o voto consciente e qualificado é a vacina!

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