Os Acordos e as Convenções Coletivas de Trabalho são a materialização dos objetivos centrais dos sindicatos: organizar, representar e defender os interesses da classe trabalhadora.
Em tempos de crise, como pelos quais estamos atravessando, desemprego, precarização, fome, falta de vacinas, desprezo pela vida humana e pela honestidade, os sindicatos precisam ir além das negociações com os patrões, despertando, definitivamente, o interesse pela política entre os trabalhadores.
A classe trabalhadora não pode continuar dependente de boas ações de governos submissos à elite dominante. É preciso que a voz dos trabalhadores ecoe em todas as dimensões republicanas, buscando sempre a igualdade de oportunidades e o respeito aos direitos básicos dos indivíduos.
O trabalho se sobrepõe ao capital
A lógica capitalista, como estratégia de acumulação de riquezas e geração dos maiores lucros possíveis, é contrária aos interesses dos trabalhadores, pois os patrões classificam os já injustos salários pagos a maioria dos empregados como um custo. Uma distribuição mais justa da riqueza também não é bem vista pela classe patronal, pois, para ela, essa distribuição é um risco à realização dos maiores lucros.
Apesar de sermos condicionados a aceitar passivamente esta situação – pois somos crias de uma sociedade capitalista – a nossa liberdade de pensamento e a nossa busca pela justiça social nos motiva a lutar contra esta exploração.
Para nós, o trabalho se sobrepõe ao capital, pois, tanto patrões, como empregados “trabalham” para alcançar seus objetivos. Porém, somente os patrões melhoram sua condição de vida, efetivamente.
Entretanto, em um contexto de sobreposição do político ao econômico, com o consentimento e patrocínio das elites dominantes (política ou economicamente falando), ganha relevância a atuação sindical, visando ampliar a participação dos trabalhadores no processo político do país.
Somos trabalhadores, tanto como cidadãos
Não é possível separar as aspirações e direitos dos cidadãos, das aspirações e direitos dos trabalhadores, pois o sindicalismo tem obrigação de organizá-los, independentemente de suas religiões, raças, gêneros, escolaridades etc. Todos têm os mesmo direitos e sonham com uma vida melhor, e, afinal, o mais importante da vida é a Pessoa Humana.
Vivendo em uma sociedade notadamente materialista, em que predomina o pensamento único do neoliberalismo (que valoriza demasiadamente o individualismo), o movimento sindical, em que pesem suas limitações e erros cometidos, deve conscientizar-se e conscientizar os trabalhadores de que é possível, e necessário, um sindicalismo mais humanista.
A vida não existe somente dentro das fábricas, escritórios e demais locais de trabalho; somos trabalhadores e indivíduos vinte e quatro horas por dia, sendo que, o nosso trabalho, afeta nossa vida social – e a nossa vida social afeta nosso trabalho.
Portanto, o movimento sindical deve ir além dos acordos e das convenções, pensando no trabalhador de forma integral, dentro e fora do seu trabalho.
As palavras convencem, os exemplos arrastam
A maioria dos dirigentes sindicais é habilidosa em discursar para os trabalhadores; dizem que a política é a arte de falar do que o povo quer ouvir.
Ocorre que, em um mundo globalizado, mais informado e também afetado por fake news, o dirigente sindical que concilia seu discurso com suas realizações são os que fazem a diferença.
Defender a CLT, os acordos e as convenções, lutar por sindicatos mais fortes e trabalhadores mais politizados e engajados, já são tarefas difíceis nos dias de hoje – mas, felizmente, existem lideranças que vão além, pois valorizam e atuam em prol da Pessoa Humana e de uma vida melhor para todos.
Lutar pelo emprego, por vacinas para todos, recriar uma cooperativa (SBEL) voltada a pôr comida no prato dos trabalhadores, oferecer oportunidades de lazer através da colônia de férias e da agência de turismo, e disponibilizar assistência médica e odontológica, são ações de quem valoriza a vida.