A quem interessa mais informação e menos opinião?

“Em um estado totalitário não importa o que as pessoas pensam desde que o governo possa controla-las pela força usando cassetetes. Mas quando você não pode controlar as pessoas pela força, você tem que controlar o que as pessoas pensam, e a maneira mais fácil de fazer isso é através da propaganda (fabricação de consentimento, criação de ilusões necessárias), marginalizando o público em geral ou reduzindo-o a alguma forma de apatia”.                                                                                 Noam Chomsky

O que aconteceria se as pessoas parassem para pensar sobre a quantidade e a utilidade das informações que as bombardeiam todos os dias? Não seria preciso mais do que dez minutos diários, para constatarmos que grande parte destas informações poderia ser descartada, pois elas não mudam nossas vidas para melhor.

Isto não soa meio contraditório, em plena era da informação? Recebemos informações que não são úteis e que têm por objetivo modelar e modular nossa forma de pensar, padronizar nosso comportamento, direcionar nossas necessidades, sonhos e expectativas; e, o pior de tudo, impedir que façamos uma análise mais crítica e aprofundada da sociedade em que vivemos.

A comunicação em massa é a via pela qual se dispersam os interesses de uma pequena elite mundial, devidamente disfarçados de tendências mundiais e sutilmente tratados como se fossem benéficos para todos. Para que o principal objetivo dessas pequenas elites (seja, a manutenção do poder e do controle sobre as pessoas, a economia e a política), são utilizadas já há décadas, algumas estratégias de comunicação em massa, que, se nos atentarmos, encontraremos incrível serventia ao momento atual do Brasil.

Fake News, reality shows, futebol, programas de auditório, programas de fofoca, jornalismo baseado em violência, propagandas que estimulam o consumismo como forma de ser feliz, dentre outros, são formas de entretenimento que ajudam a distrair a atenção do público dos problemas realmente importantes. Não se trata de atacar a liberdade de expressão, patrulhar a diversão ou calar a imprensa – mas sim, de abrir os olhos da população para a manipulação a que está sendo submetida. Esta estratégia traz em seu bojo uma forte restrição a uma boa educação (pública ou privada), o que compromete a qualidade da crítica social, tão necessária nos dias de hoje.

Crédito: https://br.freepik.com

A comunicação em massa utiliza, de forma contínua, a sobreposição das emoções ao hábito da reflexão. Ao se concentrar em medos, desejos, induzir a comportamentos específicos, ela provoca a paralisação da análise racional dos fatos e da realidade ao nosso redor. Ao destacar a violência descontrolada, a população se sente acuada pela criminalidade e abandonada pelo Estado, acaba tomando a justiça em suas próprias mãos e compra a ideia de que a posse de armas de fogo seria a única forma de se proteger.

Limitar a capacidade de compreensão do público sobre as tecnologias e os métodos utilizados pelas pequenas elites para manter o controle da massa e direcionar sua forma de pensar, é uma estratégia recorrente da comunicação de massa.

Para que a sua posição de classe dominante não seja ameaçada, é estratégico que a qualidade da educação ofertada às classes sociais menos favorecidas seja a mais pobre e medíocre possível. Esta educação diferenciada, amplia as desigualdades e reduz as possibilidades dos mais pobres melhorarem sua qualidade de vida, além de potencializar a discriminadora ideia da meritocracia, que induz ao pensamento de que “você não venceu na vida, porque não se esforçou”.

O último tópico sobre a comunicação de massa refere-se a tornar o público complacente com a mediocridade, que eterniza aquelas elites no topo da pirâmide social, com a banalização do injusto e do errado.

Quando somos diariamente bombardeados por informações planejadas, voltadas ao controle social e à manutenção de privilégios de uma poderosa casta, nossa capacidade de indignação diminui e o tecido social vai se esgarçando; o individualismo impera e impede que a sociedade se mobilize por mudanças sociais, econômicas e políticas.

Desinformação também é uma forma de paralisar a evolução da crítica social. Por isso é que Paulo Freire é uma ameaça a qualquer segmento social que detenha os meios de comunicação e produtivos, que nada mais são do que ferramentas de escravidão velada na sociedade da informação e no mundo globalizado de hoje.

Você é livre para recusar a ser vacinado; você é livre para não respeitar o distanciamento social; você é livre para comprar e portar armas de fogo; você é livre para fechar instituições necessárias ao funcionamento da Democracia; você é livre para pedir intervenção militar; você é livre para atacar quem pensa (ou é) diferente. 

Você só não é livre para pensar sobre o quê e como pensar. A quem interessa muita informação e pouca opinião?

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