Sempre ouvimos que o homem é, por essência, um ser social. Entretanto, o recente caminhar da humanidade, conduzido irresponsavelmente por dogmas capitalistas radicais, aproxima-se rapidamente de uma ruptura social jamais imaginada. E o pior de tudo, é, sem dúvida, aceitar as barbáries decorrentes de ações discriminatórias, que desvalorizam o que de mais importante foi construído pela humanidade: o sentimento coletivo da importância de se preservar a vida e a liberdade.
Ao mesmo tempo em que as riquezas produzidas em quase todos os países do mundo se concentram ainda mais nas mãos de poucos, a espiral da miséria, da fome e da discriminação cresce a uma velocidade jamais vista, afetando muitos.
A insensibilidade social mata
Uma parcela significativa das pessoas se deixa capturar pelos valores materiais, amplamente divulgados e endeusados pelo neoliberalismo radical, aí a vida e a liberdade começam a perder seu valor e deixam de ser prioridades da própria sociedade.
As pessoas passam a priorizar a ostentação e o materialismo e é bom frisar que não se trata de defender a igualdade na pobreza, pois todos merecem certo conforto social. O problema é a existência daquele que tem um milhão, enquanto outro não tem nem um pão.
Quando a importância de uma pessoa é definida pelo seu saldo bancário, pelas diárias gastas em hotéis de luxo, pelo valor dos seus carros e pela quantidade de likes recebidos, é sinal de que a sociedade está doente, corroída pelo descaso com o próximo. Essa sociedade fica mais violenta e se acostuma com o egoísmo e com a ganância, que desconstroem dois pilares básicos da Democracia: o direito à vida e o direito à liberdade.
Por sua vez, esta mesma sociedade passa a atacar o Estado, afirmando que ele é o responsável por assistir as pessoas que estão fora dos padrões adotados por ela. Esquecem estas pessoas que elas têm responsabilidades, afinal de contas, o Estado é governado por eleitos por estas pessoas.
Os cortes de orçamentos para a saúde, para a educação, somado à ausência de políticas de geração de emprego e de renda, aumentam as desigualdades sociais. Quando o debate público sobre as prioridades da sociedade é contaminado pelos discursos de ódio e pelos ataques as instituições garantidoras da Constituição Federal, o caos social se instala.
A Democracia não é um fim em si
A vida em sociedade não é estanque. Novas relações sociais surgem com frequência e opções individuais demostram que existem possibilidades para além das matizes conservadoras: isto significa que a Democracia também deve se modernizar, para permitir e garantir os direitos e toda assistência social e pública para os indivíduos.
É inaceitável falar em defesa da Democracia e das liberdades individuais, quando se desrespeitam os limites e as responsabilidades republicanas estabelecidas em nossa Constituição e no arcabouço legal, mas isso não implica em engessar os ditames democráticos.
Nestes dias de instabilidade política, instalada premeditadamente por aqueles que não são afetos ao debate político qualificado e democrático, a defesa da Democracia deve ser intransigente. Afinal de contas, somente a Democracia comporta e abre espaço para liberais, conservadores e progressistas.
Melhorar a Democracia é dever de todos e o que está em jogo é muito maior do que a eleição de 2022. Está em jogo que tipo de sociedade queremos: uma que seja inclusiva e socialmente mais justa, ou a mesma excludente e elitista.