A Inteligência Artificial e o desemprego estrutural

Autor: STIEESP

21 de agosto de 2024

Alexa, acenda as luzes! Alexa, ligue a TV! Por favor, aproxime seu rosto da câmera para realizar o reconhecimento facial; “depois de buscar informações sobre um determinado tema nas redes sociais, passei a receber inúmeras postagens sobre o mesmo tema”. O que existe de comum por trás dessas ações corriqueiras para milhões de pessoas? A IA (Inteligência Artificial).

A IA é um campo da ciência da computação, que se encarrega de estudar e desenvolver máquinas e programas para computadores, que consigam reproduzir o comportamento humano – seja na realização de tarefas simples ou complexas, bem como no processo de tomada de decisões, sendo que, em qualquer das situações, milhões de vidas dos indivíduos são impactadas (algumas com benefícios e outras de forma negativa).

Apesar de benefícios gerados pelas TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação) diretamente ligadas à IA, assim como a automação de serviços e sistemas produtivos, tem crescido o debate sobre os limites éticos e os impactos que ela provoca na sociedade, na dimensão econômica, na estrutura da sociedade, no comportamento humano e nas relações sociais e laborais.

Alguns setores da economia e do mundo do trabalho, nos quais a IA e a automação foram introduzidas, passaram – e passam – por uma elevação do nível de desemprego estrutural, que podemos definir como a perda de postos de trabalho e a extinção de profissões, como por exemplo, a substituição quase que completa dos bancários e bancárias que realizam o atendimento pessoal, a eliminação ou redução dos cobradores dos ônibus, a implantação de autosserviço nos postos de combustíveis, a criação de bancos de imagens de exames médicos. No setor elétrico, muitos Operadores de Estações de Transformação e Distribuição foram substituídos por máquinas, e os Leituristas por medidores inteligentes.

Certamente, o uso da IA não vai parar. Entretanto, devemos discutir se a sua utilização tem como objetivo o bem comum, ou será mais forma de reduzir os custos com a mão de obra – pois, atualmente, a IA está na fase chamada Memória Limitada, que se caracteriza pela análise dos comportamentos registrados na memória da IA, que servirão de base para que decisões sejam tomadas e as tarefas executadas.

A etapa seguinte da IA, que já está em fase de desenvolvimento, é chamada de Teoria da Mente, cuja função será a de identificar e compreender os sentimentos e as emoções, além dos pensamentos das pessoas e seu processamento no cérebro humano. Cada vez mais, o homem está sendo substituído pela máquina; será que, em um futuro próximo, em vez de consultarmos um psicólogo ou um psiquiatra, seremos atendidos por uma máquina?

Um dos prováveis cenários que o movimento sindical deve dar especial atenção é a implantação da IA nas áreas administrativas e técnicas das empresas, em uma escala ainda maior do que já acontece nos dias de hoje.

Os trabalhadores e trabalhadoras das áreas de projetos, por exemplo, correm o risco de serem substituídos por máquinas e por um banco de dados, que armazenará dados sobre o que já foi desenvolvido, servindo de base de análise para o atendimento das demandas de novos projetos, inclusive o levantamento das características de terrenos e espaços urbanos que poderão acolher redes e estações poderá ser feito por drones. Hoje, isto já ocorre, no segmento das explorações arqueológicas.

Análises de performance financeira e da produção, do desenvolvimento de produtos e serviços, do atendimento aos clientes, da elaboração de projetos, e grande parte das atividades jurídicas em um futuro próximo, serão executadas pela IA, e qual será o destinos dos trabalhadores e trabalhadoras? Mesmo que eles consigam se familiarizar com as novas tecnologias, não haverá vagas para todos que, junto com aqueles que não se atualizarem, serão expurgados do mercado formal de trabalho.
Não por acaso, muitos estudiosos externam sua preocupação com os impactos da Inteligência Artificial no nível de emprego e com a segregação de trabalhadores tecnologicamente atualizados e os “analfabetos digitais”, pois, com a redução dos níveis de proteção social, quem cuidará de milhões de desempregados?

No necessário debate sobre a utilidade social da IA, os sindicatos podem ocupar um espaço importante e decisivo, desde que tenham a participação e o apoio consciente da classe trabalhadora na elaboração de alternativas que conciliem o uso da IA para melhorar os negócios e facilitar a vida da população, sem prejudicar o segmento de trabalhadores e trabalhadoras.

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