A inflação não é boa para os salários

Existem estudos que calculam que o segmento mais pobre da sociedade é 20% mais prejudicado pelos efeitos da inflação do que o segmento mais rico. Isto significa dizer que, com inflação, as desigualdades sociais ficam ainda maiores.

No caso específico dos salários, muitas pessoas têm a falsa sensação de que, se seus pagamentos forem corrigidos com o índice da inflação acumulada nos últimos doze meses, seu poder de compra será recuperado. No máximo, este poder de compra poderá ser mantido.

É preciso ter em mente que o cálculo da inflação acumulada é feito com valores acumulados. Exemplificando: a inflação dos últimos doze meses pode ser de 15%, mas alguns itens da cesta básica podem ter aumentado mais do que essa porcentagem; a comparação dos aumentos da carne e do frango com a correção dos salários, dá uma ideia desta falsa sensação.

Outro fator a ser considerado é que o atual governo atacou diretamente os trabalhadores, dificultando a arrecadação financeira por parte dos sindicatos – o que torna, ainda mais desiguais, as negociações entre patrões e empregados. 

Além disso, a reforma trabalhista também não garante mecanismos de manutenção do poder de compra dos salários, principalmente em tempos de recessão econômica, como os atuais.

O que é inflação?

O termo inflação já assombra os brasileiros há algumas décadas. Nós sabemos muito bem que ele se refere a um aumento nos preços dos produtos e dos serviços, de forma continuada e persistente. 

Quando ocorre um processo inflacionário, motivado por diferentes causas (tais como, a expansão da moeda em circulação e dos meios de pagamento), podemos chegar à desvalorização do dinheiro. Com inflação, precisamos de mais dinheiro para comprar a mesma quantidade de produtos e/ou serviços que comprávamos anteriormente.

Portanto, inflação não é sinônimo de poder de compra: muito pelo contrário, a inflação corrói os salários e seu poder aquisitivo. Além disso, os índices de correção salarial nem sempre acompanham os índices da inflação, sendo que o ideal para reduzir as desigualdades e distribuir, de forma mais justa, a riqueza produzida no país, seria que os salários recebessem reajustes acima dos níveis da inflação. 

Não é preciso dizer que as famílias de renda mais baixa são as que mais sofrem com a inflação, pois seu orçamento familiar mal dá para comprar o básico para sua sobrevivência. Os que ganham mais, ainda conseguem trocar produtos mais caros por mais baratos, reduzir os gastos com lazer, entre outras medidas. Já os mais pobres, não têm essa possibilidade.


Quais os tipos de inflação?

Segundo os economistas, existem quatro tipos de inflação. A seguir, temos uma breve descrição das características principais de cada uma delas:

  1. Inflação de demanda

Quando ocorre uma demanda por produtos ou serviços maior do que a oferta do mercado, os preços tendem a subir. Esta procura maior pode ser por causa do aumento do poder aquisitivo da população ou a redução da oferta destes produtos e serviços, por parte das empresas.

O exemplo mais recente de inflação de demanda no Brasil ocorreu logo após a implantação do Plano Real, quando a estabilidade econômica foi decisiva para o aumento dos salários, permitindo que as famílias passassem a consumir mais produtos e serviços e levando a um aumento nos níveis dos preços.

  1. Inflação de custos

A inflação de custos normalmente aparece quando ocorrem aumentos de matéria prima, de gastos com encargos trabalhistas, com salários e tributos – ou seja, os custos de produção ficam maiores e as empresas precisam repassar estes custos para seus produtos, ou reduzir a quantidade produzida.

Atualmente, os preços da energia elétrica e dos combustíveis contribuem diretamente com o aumento da inflação.

  1. Inflação Inercial

Este tipo de inflação não está relacionado com a oferta e com a demanda, mas sim ligado ao histórico de indexação da economia do país.

A falta de confiança por parte do mercado nas ações e políticas do governo, leva ao círculo vicioso de criar índices de inflação para corrigir e reajustar os preços e os salários, levando a uma espiral inflacionária. O uso dos índices acumulados de inflação para reajustar os valores atuais acaba gerando uma inflação futura.

  1. Inflação estrutural

A principal causa do surgimento da inflação estrutural é a ausência, ou a ineficiência da infraestrutura necessária para potencializar o setor produtivo de um país. No caso do Brasil, a utilização exagerada do transporte rodoviário é um exemplo, que é agravado em função dos custos dos combustíveis, dos pedágios e da qualidade das estradas nacionais.

Não investir em ferrovias, e nem na modernização dos portos, encarece os produtos nacionais, o que inibe a indústria nacional e a torna menos competitiva, dificultando as exportações dos nossos produtos. 


É preciso mudar

Um recente estudo do IBRE-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), baseado em dados de relatório do FMI, apontou que, apesar da inflação ser um problema global, a situação brasileira é a pior, em relação a 83% dos demais países. 

Falta de planejamento, gastos públicos elevados e mal realizados, desvalorização da moeda nacional, instabilidade política e econômica, ausência de investimentos nacionais públicos e privados em quantidade suficiente, baixa competitividade da indústria nacional e tributação elevada, são algumas das razões para a economia nacional andar de lado.

O Brasil precisa aprender a planejar sua economia e livrar-se do imediatismo eleitoral de programas sociais eternos. O povo quer emprego, escola e oportunidade de melhorar de vida – e não esmolas governamentais. 

Enquanto a classe política se curvar aos interesses e benesses do capitalismo selvagem e deixar as prioridades do povo e do país em segundo plano, a economia nacional não promoverá o desenvolvimento sustentável e nem a redução das desigualdades sociais.

É fato que, o atual modelo de desenvolvimento aplicado pela elite capitalista mundial possui graves falhas, não é democrático e muito menos inclusivo; seus efeitos são mais danosos nos países emergentes, que investem pouco em ciência e educação – portanto, tornam-se reféns e dependentes das nações mais desenvolvidas.

Quando você estiver na cabine de votação, pense além das falas (nem sempre honestas) dos candidatos.

Pense nas propostas e nos compromissos dos partidos políticos. Pense no tipo de sociedade que você quer.

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